São Paulo, segunda-feira, 8 de janeiro de 1996
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Produtos de luxo ignoram retração do consumo e vendem 20% mais em 95

SUZANA BARELLI
CLÁUDIA PIRES

SUZANA BARELLI; CLÁUDIA PIRES
DA REPORTAGEM LOCAL

Alheios à retração de consumo do ano passado, os comerciantes de produtos de luxo só tem motivos para comemorar o fim de 1995 e o início de 1996.
As comemorações referem-se ao aumento de vendas registrados no decorrer de 1995. Para este ano, a perspectiva é de que as vendas continuem no mesmo ritmo.
A Montblanc inaugurou sua primeira boutique no Brasil no ano passado e vendeu 20% mais em relação ao volume de 1993.
As 70 unidades do conhaque Hennessy Paradis, que custa R$ 500 a garrafa, desapareceram rapidamente das prateleiras nas vésperas do Natal. Já a Cartier vendeu 80% mais relógios e jóias em 1995 que no ano anterior.
"Entra ano e sai ano e a classe A continua mantendo seu poder de compra. Ganham mercado as empresas que sabem ajustar seus produtos aos desejos desta pequena parcela da população", diz o economista Nelson Barrizzelli.
Barrizzelli, especialista em tendências de consumo, diz que conquistam esse segmento top as empresas com produtos de qualidade e com excelente imagem da marca de produto.
Um exemplo são os carros Audi, cujo modelo A4, o campeão de vendas da Senna Import, a distribuidora exclusiva da marca no país, chega a custar US$ 80 mil.
"Estamos liderando o segmento de carros de luxo. O brasileiro está voltando a procurar os importados, especialmente os modelos exclusivos", diz Jaroslav Sussuland, diretor de operações da Senna Import.
A marca, diz Sussuland, ganhou força no ano passado e já vende entre 200 e 250 unidades por mês.
A estabilidade econômica também impulsionou o consumo de produtos de luxo, diz Davide Marcovitch, diretor-geral da M.Chandon do Brasil.
"Antes do Plano Real, quem tinha muito dinheiro ficava acanhado para consumir alguns produtos de luxo. Agora, que a classe média consegue comprar um carro importado, a classe alta perdeu esse temor de não gastar para não ostentar", diz Marcovitch.
Ele conta que suas bebidas mais caras desapareceram das prateleiras no final do ano passado.
Sua empresa importou 300 garrafas da champanhe Don Perignon Rosé, a R$ 350 a unidade, e 70 garrafas do conhaque Hennessy Paradis.
No ano anterior, ele trouxe 40 unidades do conhaque e nenhuma champanhe.
"Os produtos mais caros, mais sofisticados venderam melhor no Natal de 95", diz.
Outro exemplo é a Montblanc, que enfrentou em dezembro falta de produtos em estoque na sua boutique localizada nos Jardins, badalado bairro paulistano.
Freddy Rabbat, que tem a representação da marca no Brasil, diz que não esperava tamanha procura.
"Encomendamos produtos a mais e já faltam artigos de couro como agendas, carteiras e malas de viagem", afirma, sem revelar o volume de vendas.
Entre os produtos com boa procura na loja, estão uma caneta tinteiro em ouro, que custa US$ 13,5 mil, e outro modelo em lápis-lazúli, que sai por US$ 1.200.
Com a estabilidade, ainda, as lojas de luxo ganharam novos clientes.
"A classe média está descobrindo o gosto de poder comprar e presentear com jóias", afirma Rubens Dryzun, proprietário da joalheria Dryzun.
Para ele, a estabilidade está levando mais clientes às lojas de artigos de luxo, que antes eram destinados às camadas mais privilegiadas da população.
Com isso, Dryzun estima que, durante o ano de 1995, as vendas de jóias tenham tido um acréscimo de 20%.
Dryzun aponta as facilidades no crédito, como o parcelamento, como um dos principais incentivos para quem quer comprar uma jóia. A Dryzun parcela os pagamentos em três vezes sem juros.
"A jóia tem um valor sentimental muito forte, é um símbolo, um presente para toda vida", afirma.
A distribuidora francesa de produtos de luxo Cartier também está apostando na expansão das vendas na área, diz Edouard Bos, diretor-geral da empresa no Brasil.
"Os presentes de luxo estão surgindo como uma opção cada vez mais forte. As roupas, por exemplo, são muito caras no Brasil. As facilidades no pagamento dos presentes de luxo e a variedade de opções estão favorecendo sua venda."
Segundo Bos, os presentes mais procurados são relógios, canetas, óculos e artigos em couro.

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