São Paulo, segunda-feira, 8 de janeiro de 1996
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Dona Benta uniformiza massa da Pizza Hut

FERNANDO PAULINO NETO
DA SUCURSAL DO RIO

A partir desta semana, dez lojas da cadeia de fast food Pizza Hut começarão a utilizar em suas pizzas uma farinha de trigo feita com especificações especiais pela J. Macêdo Alimentos.
A novidade faz parte de um projeto que, no futuro, será estendido para países do Mercosul.
Dentro de três meses, a J. Macêdo pretende estar fornecendo a farinha, da marca Dona Benta, para as cerca de 50 lojas da Pizza Hut em toda a Grande São Paulo, segundo o diretor de marketing, Nelusko Linguanotto Neto.
Linguanotto disse que foram necessários seis meses de testes no Centro de Tecnologia e Mercado da empresa, em Bonsucesso, zona Norte do Rio, para desenvolver o produto. O principal problema da Pizza Hut é ter uma matéria-prima uniforme que garanta o mesmo padrão de qualidade da pizza em diversos pontos do país.
"Eles estão mudando de fornecedor por causa da inconstância da matéria-prima. A J. Macêdo tem uma boa distribuição e pode produzir boa farinha no Brasil inteiro, garantindo a qualidade do mesmo produto em São Paulo, Maceió ou Porto Alegre", disse Linguanotto.
O segundo passo desse projeto será desenvolver uma massa de pizza. "Será só eles acrescentarem água e a pizza estará pronta", disse o executivo.
A Pizza Hut já utiliza este preparado nos Estados Unidos mas, até agora, nenhum fornecedor de farinha conseguiu repeti-lo no Brasil. Por isso, ele não garante um prazo para que este produto esteja disponível para a rede de pizzarias.
A farinha especial da J. Macêdo feita por encomenda da Pizza Hut é apenas um dos produtos que a empresa está colocando no mercado para tentar agregar valor a essa commodity (produto básico), explicou Linguanotto.
Nesse esforço, a J. Macêdo já lançou a farinha Dona Benta com fermento e embalagem plástica, que substitui a da tradicional de papel. A estratégia da empresa é diferenciar seus produtos da concorrência, principalmente depois que o mercado começou a ser desregulamentado em 1992.
"Antes, o único trabalho que tínhamos era recebermos os compradores e vendermos o produto", disse o diretor de marketing da J, Macêdo. "Agora, a concorrência aumentou."
Mudar a antiga forma de trabalhar foi a saída para sobreviver nesse novo cenário. A empresa começou, então, uma "auto-reengenharia", como Linguanotto define, pois foi um processo de ajuste feito sem assessoria externa.
Segundo disse, com o fim da regulamentação do mercado e a entrada dos concorrentes estrangeiros, como a argentina Bunge y Born, os produtores de farinha brasileiros sofreram. E a J. Macêdo não foi exceção.
Em 1993, o grupo terminou o ano com um prejuízo de R$ 5 milhões. Em 1994, já voltou a ter lucro (R$ 15 milhões) e no ano passado, mais uma vez teve lucro. Os números não estão fechados, mas a estimativa é de uma cifra em torno de R$ 5 milhões.
A J. Macêdo Alimentos representa 65% do faturamento do grupo, que atua ainda com veículos, bebidas, tintas, fazendas de caju, fábrica de transformadores e outras unidades de negócios. A estimativa de faturamento em 1995 é de R$ 1 bilhão. O objetivo é aumentar cada vez mais a participação dos alimentos no faturamento total do grupo.

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