São Paulo, segunda-feira, 8 de janeiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ano nada fácil

VALDO CRUZ

BRASÍLIA - A volta dos trabalhos do Congresso, a partir de hoje, marca o começo de ano para o governo Fernando Henrique Cardoso. E, com certeza, 1996 promete ser um ano bem mais difícil do que 1995.
FHC terá de enfrentar pressões crescentes tanto na economia como na política. E, para superá-las, vai depender de um Congresso que terminou o ano passado insatisfeito com o seu governo.
O principal desafio no campo econômico é o descontrole total das contas públicas, uma ameaça ao Plano Real. Só para se ter uma idéia, o Tesouro Nacional fechou 95 com um rombo perto de R$ 5 bilhões.
FHC precisa do Legislativo para acabar com os rombos no Orçamento. Aprovar as emperradas reformas tributária, administrativa e previdenciária é essencial para reequilibrar as deterioradas contas públicas.
De todas as reformas propostas, são as três mais polêmicas porque mexem no bolso de Estados e municípios e em interesses corporativos. Se já não foi fácil em 95, será menos ainda em 96, um ano de eleições municipais.
Além do componente eleitoral, o governo terá de enfrentar o apetite dos partidos. PFL, PMDB e o novo PPB, principalmente, vão iniciar o ano pressionando por alterações no ministério.
O PPB ainda não tem nenhum ministro. Vai cobrar a indicação de pelo menos um para continuar votando com o governo. Uma parcela do PMDB não se vê representada pelos gaúchos Nelson Jobim (Justiça) e Odacir Klein (Transportes). E o PFL gostaria de avançar sobre os ministérios econômicos.
Fernando Henrique não deseja mudar nomes antes de concluídas as reformas. Pode ser obrigado a promover mudanças em seu time para finalizá-las. Terá de ser rápido, afinal este é um ano que deve durar só um semestre no Congresso.
Os parlamentares vão dedicar a segunda metade do ano à luta pelas prefeituras, o primeiro passo para a disputa da próxima sucessão presidencial. E, na batalha dos municípios, a frágil base governista pode sair abalada. Aliados na sucessão presidencial, PSDB e PFL devem se dividir na disputa das principais prefeituras do país.
O ano que começa deve mostrar, definitivamente, a FHC que ele estava enganado ao dizer que governar o Brasil é uma tarefa fácil.

Texto Anterior: As cidades
Próximo Texto: Xô Satanás
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.