São Paulo, sexta-feira, 12 de janeiro de 1996
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FHC vê "Estado de mal-estar social"

DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente Fernando Henrique Cardoso define, na entrevista, o Brasil como um "Estado de mal-estar social" e jura que não é "gracejo".
FHC explica o "Estado de mal-estar social" da seguinte forma: "O que o Estado faz no Brasil, hoje? Ele toma recursos, toma impostos e distribui para a população (...) sob a forma de salário, sob a forma de Previdência. Menos sob a forma de educação e de saúde e mais sob a forma direta de pegar certos segmentos da população e atender".
Depois, acrescenta: "O imposto é redistribuído dessa maneira. Mas não agrada. Não chega a fazer nada de positivo, de forte, para ninguém, porque está fraco na prestação generalizada de serviços como educação, saúde e saneamento".
FHC não chegou a fazer um contraponto com o que é o Estado de bem-estar social típico de países europeus, nos quais há uma sólida rede de proteção social, na forma de investimentos em educação, saúde, previdência etc.
O presidente retoma, na entrevista, a defesa de "um Estado que seja efetivo" e afirma que nunca foi favorável à tese do Estado mínimo, cara aos liberais como os caciques do PFL com os se alia.
FHC volta a definir-se como de esquerda: "Enquanto houver desigualdade, injustiça, esse conceito (o de esquerda) vai continuar cabendo. Sou contra a desigualdade, contra a injustiça, portanto considero-me de esquerda". Mas a esquerda à qual se refere FHC não é a velha esquerda marxista, que confundia "o interesse da classe operária, do proletariado, com o interesse universal". Ele se alinha na esquerda capaz de "ver o efeito do interesse segmentário sobre o global, o universal".
FHC faz também uma distinção total entre o estatal e o público. "O conceito moderno é o de público, não o de estatal". Depois acrescentou: "O Estado tem de ser aberto. Um Estado poroso, para que as organizações da sociedade civil tenham presença".
No fim, deixa mais mais claro o que entende por público: "O Estado tem de ter a autoridade pública para regulamentar; pública no sentido de contar com o representante do consumidor, da sociedade".

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