São Paulo, sexta-feira, 12 de janeiro de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Oposição prepara ofensiva
OLÍMPIO CRUZ NETO
O PT apresentou proposta de decreto legislativo ao Congresso que anula o decreto assinado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso na segunda-feira. A proposta é do deputado Gilney Viana (PT-MT) e precisa de maioria simples para ser aprovada. O partido também vai entrar com recurso no STF (Supremo Tribunal Federal), na próxima semana, questionando a constitucionalidade da medida. O Cimi (Conselho Indigenista Missionário), órgão ligado à igreja, anunciou que vai entrar com representação no Ministério Público, reclamando da constitucionalidade do decreto presidencial. O conselho denuncia que 344 áreas indígenas estão sujeitas à revisão. A briga vai incluir manifestações populares. Na próxima quarta-feira, um ato público será realizado na praça dos Três Poderes. O protesto será organizado por entidades indígenas, ONGs e partidos. A ofensiva contra o decreto 1.775 decorre da possibilidade de fazendeiros e governos, contrários à destinação das terras reivindicadas pelos índios, poderem contestar o processo de demarcação antes mesmo da homologação da área. O decreto anterior (nº 22/91), que definia o procedimento para a demarcação das áreas, foi substituído por sugestão do ministro da Justiça, Nelson Jobim. Ele considerava o decreto inconstitucional, por não prever o princípio do contraditório (as contestações à demarcação) na fase administrativa. Até a revogação do decreto 22, as contestações só podiam ser feitas na Justiça. A mudança desagradou parlamentares e entidades ligadas à defesa dos direitos indígenas. Segundo o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, deputado Nilmário Miranda (PT-MG), o decreto vai prejudicar os índios: "Favorece apenas os grileiros e os invasores de terras indígenas", disse. Texto Anterior: Governo defende novo decreto dos índios Próximo Texto: Governador elogia decreto Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |