São Paulo, sexta-feira, 12 de janeiro de 1996
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Diretor de hospital registra BO contra CRM

DA REPORTAGEM LOCAL

O diretor do Hospital Municipal do Jabaquara, Thomaz Antonio Cardoso de Almeida, registrou ontem boletim de ocorrência do 35º DP (distrito policial) contra o CRM (Conselho Regional de Medicina).
Ele acusa o Conselho de extrapolar suas atribuições ao "interferir na implantação do PAS (Plano de Assistência à Saúde)".
O PAS prevê que os hospitais municipais sejam administrados por cooperativas formadas por médicos. O sistema só esta funcionando na região de Pirituba (zona norte), onde foi implantado dia 1º.
Segundo Almeida, a comissão de ética do hospital, ligada ao CRM e responsável pela apuração de denúncias de erro no procedimento de médicos, estaria emperrando essas investigações.
"A comissão não apura as denúncias, mas não deixa de fazer campanha contra o PAS", diz.
O diretor pegou documentos -que ele mesmo havia encaminhado à comissão- para mostrar casos em que não obteve retorno das apurações.
O médico Márcio Antonio Mora, integrante da comissão de ética, criticou o diretor por ter retirado os documentos. "Eles são sigilosos."
Almeida disse que hoje há 100 médicos e 35 funcionários de nível médio na cooperativa que deve passar a administrar o hospital, que tem hoje 1.500 funcionários.
Para Henrique Carlos Gonçalves, vice-presidente do CRM, "se a adesão dos médicos fosse tão boa, eles já teriam implantado o PAS no hospital".
Segundo ele, a demora na investigação da comissão de ética é explicada pela complexidade dos casos.
"O CRM tem prazos para concluir investigações. Na atual gestão não houve problemas com prazo em nenhum processo." Ele negou que o CRM esteja extrapolando suas funções ao criticar o PAS.

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