São Paulo, sexta-feira, 12 de janeiro de 1996
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Valpolicella pode ter a safra do século

JORGE CARRARA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Mais uma vez, o sol não foi uma unanimidade para o viticultores de todo o mundo. Brilhou em algumas regiões, e assim garantiu a alegria de uma parte deles, e se deixou encobrir pelas chuva em outras, estragando a festa de outros. Mas segundo artigo sobre a última safra publicado na revista inglesa "Decanter", parece ter havido mais altos que baixos e 95 deve ser um ano de certo brilho numa década, até agora, de pálidas colheitas.
Na França, um verão seco garantiu uvas bem maduras em Bordeaux e tanto os famosos tintos da região quanto os seus apreciados brancos secos ou os deliciosos doces de Sauternes e Barsac devem mostrar ótima qualidade.
A leste, na Borgonha, as chuvas afetaram a colheita de uvas tintas, mas a Chardonnay, colhida antes da enxurrada de setembro, deve garantir bons brancos.
O mesmo aconteceu em Champagne, mais ao norte, onde as precipitações causaram alguns problemas com a Pinot Noir. Mas a qualidade geral dos vinhos sinaliza um nível acima da média para os borbulhantes goles da região.
Não foi o excesso de chuva, mas a absoluta falta dela, que afetou a safra do Rhône, ao sul, onde o calor ameaçou torrar os cachos nas videiras. Nas áreas aliviadas por chuvas tardias, porém, se espera que os encorpados tintos da região alcancem um nível muito bom.
Na Itália, o clima favoreceu os tintos. Em Valpolicella, norte do país, a última colheita está sendo considerada a "safra do século". Há também entusiasmo nas duas regiões onde nascem os melhores vinhos da "bota": Toscana e Piemonte.
As geadas afetaram a florada das videiras na Espanha, que teve colheita pequena, mas de boa qualidade, especialmente em Rioja, no norte, uma das principais províncias vinícolas do país.
A safra em Portugal foi igualmente pequena, mas de excelente nível tanto para os vinhos de mesa como para os famosos vinhos fortificados do Douro: os Portos.
Idêntico fenômeno se registrou do outro lado do Atlântico, na Califórnia, onde se colheram volumes menores que os habituais, mas de boa qualidade.
Já no hemisfério sul, enquanto a safra foi considerada excelente na Austrália e muito boa no Chile, no Brasil o clima não foi muito generoso com os vinhedos tupiniquins.
As melhores variedades foram a Merlot (tinta) e a Semillon e Riesling Itálico (brancas), colhidas durante uma das poucas tréguas que as chuvas deram à serra gaúcha durante a safra de 95.

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