São Paulo, sexta-feira, 12 de janeiro de 1996
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Educar para empregar

VALDO CRUZ

BRASÍLIA - O desemprego é um dos principais desafios do governo Fernando Henrique. Fenômeno mundial, a demissão de trabalhadores no Brasil tem duas causas: o avanço tecnológico e a política econômica, que dita um ritmo de crescimento lento às empresas.
Apesar do aumento das demissões, pouco tem sido feito pela equipe econômica para combater, no curto prazo, os efeitos colaterais de seu remédio sobre o mercado de trabalho.
Quanto ao avanço tecnológico, pelo menos nesse ponto o governo começa a se mexer. No próximo mês o Ministério da Educação divulgará um projeto de reformulação do ensino técnico brasileiro.
O objetivo é investir R$ 1 bilhão para diversificar e ampliar a oferta de cursos técnicos no país, criando condições para que o trabalhador possa se adaptar às mudanças do mercado. A meta é pular de 100 mil alunos em escolas técnicas federais para 3 milhões.
O ministro Paulo Renato diz que o ensino básico brasileiro simplesmente deu as costas para as necessidades de uma economia moderna. Atualmente, 90% das escolas são da área de humanas, enquanto o mercado está carente de profissionais com formação nos setores emergentes, como a informática.
O projeto vai propor a formação de parcerias entre o governo federal e o setor privado. O Ministério da Educação poderia construir uma escola e entregar a sua administração a empresas interessadas em formar a sua mão-de-obra.
Permitirá ainda que um empresário monte uma escola técnica desvinculada de outra de segundo grau. A expectativa do ministro é de que essa medida estimule o investimento no setor. Afinal, ficará mais barato criar apenas uma escola técnica, sem todo o aparato de uma destinada a conceder diplomas de segundo grau.
A idéia é a criação de cursos rápidos, de seis meses a um ano, que o estudante poderia fazer logo após a conclusão do segundo grau. Ou até ao mesmo tempo. Serviria também para o trabalhador, excluído de um mercado tomado pelas máquinas, se reciclar e aprender rapidamente uma nova profissão.
Os efeitos só virão a médio prazo. Mas, sem dúvida, educar é um caminho para se combater o desemprego no futuro.

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