São Paulo, sexta-feira, 12 de janeiro de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Do Leme ao Pontal
ANTONIO CARLOS DE FARIA RIO DE JANEIRO - Cerca de 1,8 milhão de turistas estrangeiros visitaram o Brasil em 94. Isso é menos do que os visitantes da Argentina, 3,5 milhões, e menos do que o Uruguai, 2,2 milhões.Dizer que a miséria e a violência brasileiras afastam os turistas é uma frase desgastada pelo uso fácil e esconde a incompetência que está por trás do pequeno fluxo de visitantes. O Uruguai começou um programa de divulgação turística na década de 70 e hoje colhe os resultados que constrangem o seu gigante vizinho do norte. O Brasil vive uma estagnação no setor que dura mais de dez anos. Em 94, o país voltou a receber um número de visitantes próximo ao de 86, depois de ter havido uma queda para cerca de 1 milhão de turistas em 90. Os números mostram que os brasileiros ainda não despertaram para a importância econômica do turismo, apesar de o setor já movimentar cerca de US$ 45 bilhões anuais no país. Falta competência para preparar a infra-estrutura e vender a imagem do Brasil como destino turístico. E competência é essencial num mundo competitivo. O trocadilho, indecente, é mais que atual. * O Rio é exemplo do pouco caso com a atividade turística. Porta de entrada da maioria dos turistas estrangeiros que chega ao país, a cidade dita maravilhosa é castigada pelos desatinos de seus governantes e pela falta de iniciativa de seus empresários. Quem passeia do Leme ao Pontal se depara com a sujeira nas praias, que além de malconservadas ainda sofrem a depredação visual causada pela instalação das mais variadas quinquilharias. Lá estão desde um estádio inteiro para jogos de verão, que poderia e deveria ser armado em outro local, até os inúmeros postes para a prática de esportes, que dão a impressão de que a areia é um imenso paliteiro. A prefeitura começa neste mês o planejamento de uma campanha que visa aumentar o fluxo turístico dos EUA para o Rio. Iniciativa interessante, mas inócua se ao mesmo tempo não se mantiver a beleza que já existia antes da cidade. Texto Anterior: Educar para empregar Próximo Texto: Mitterrand, o legado da cultura Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |