São Paulo, sábado, 13 de janeiro de 1996
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Índios latifundiários

JAIR BOLSONARO

Ao analisarmos um mapa, confeccionado pela Funai, com a localização das áreas indígenas no Brasil, constatamos que o equivalente a 11% do território nacional já está demarcado como terras indígenas ou está em processo final de demarcação. Isso equivale a uma área do tamanho da região Sudeste do país.
Vale ainda lembrar que o total de índios que ocupam aquelas áreas é de aproximadamente 250 mil. O absurdo também passa quando constatamos que a maioria dos bairros de São Paulo ou do Rio de Janeiro tem muito mais habitantes do que índios em todo o Brasil.
A Funai, em tendencioso estudo, ainda diz, por exemplo, que a reserva ianomami deveria ser ampliada, já que os seus atuais 96.649 km2 são insuficientes para uma população inferior a 10 mil índios. Querem ampliá-la em aproximadamente mais 30 mil km2 para que a "espécie" não se extinga.
Se os sem-terra tivessem um mínimo de bom senso e uma apurada inteligência, antes de invadirem qualquer propriedade ou fazenda pediriam ao presidente da República que extinguisse o Incra e passasse suas atribuições para a Funai. Afinal, sem falar português e sem recursos, como podem esses índios serem os maiores latifundiários do Brasil? Nem a então poderosa UDR conseguiu chegar a tanto. A história, contudo, é muito diferente.
As demarcações das terras habitadas por índios vinham sendo realizadas com racionalidade. Com o surgimento do projeto Calha Norte, que visava a consolidação de nossa fronteira norte (com as Guianas, Venezuela e Colômbia), precipitou-se o interesse internacional em manter inabitada aquela fronteira.
Tanto foi que, por imposição dos EUA, a ECO/92 só foi realizada após a assinatura, por Collor e Jarbas Passarinho, da portaria 580, de 15/11/91, precursora da reserva ianomami, tornando impossível que os pelotões de fronteira de Surucucu e Maturacá servissem de base para futuras cidades.
Essas imensas reservas, quase todas na faixa de fronteira, mantêm intactos os ricos recursos naturais do solo e subsolo, que um dia serão explorados por países do Primeiro Mundo, como EUA, França e Alemanha. Este último, grande incentivador de demarcações e campeão de doações em dólares para os trabalhos demarcatórios, já que para a saúde, bem-estar ou sobrevivência do índio nem um tostão sequer dispõe.
Resumindo: o índio nada mais é que massa de manobra de ONGs e do G-7. Afinal, as riquezas minerais, a biodiversidade e os grandes espaços vazios que poderão alocar a população excedente do Primeiro Mundo são estratégicos para a sobrevivência futura dessas nações.
Faço alusão a parte de um contundente discurso proferido em 24/8/1994 a 11 deputados federais, em São Gabriel da Cachoeira (AM), pelo general-de-exército Germano Arnoldi Pedrozo, comandante do CMA: "As propostas de demarcação são absurdas e colocam em risco a segurança nacional porque a cobiça internacional sobre a região continua... se o país não se preocupar com a defesa da região, outros irão se preocupar com sua conquista".

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