São Paulo, sábado, 13 de janeiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

O exemplo de Bragança

Para que as denúncias de hipertrofia e falência do Estado brasileiro não se reduzam a lugar-comum ou queixume cético, nada melhor do que mencionar projetos que recuperam a importância da reengenharia no setor público.
Em convênio com a Secretaria de Segurança Pública, uma associação de moradores de Bragança Paulista (SP) propõe-se a gerir durante um ano a cadeia do município, recebendo do governo do Estado a quantia que seria paga à empresa privada que fornece apenas refeições aos presos. Segundo os munícipes, a alimentação absorveria somente metade da verba, e o restante seria aplicado a programas de recuperação de detentos e ampliação das instalações do presídio.
Embora de pequena dimensão, essa nova proposta de gestão penitenciária, se for bem-sucedida, reforçará três hipóteses fundamentais para a importante tarefa de racionalização dos gastos públicos.
Primeira: pequenas experiências, bem-sucedidas e multiplicando-se no tempo, podem permitir que um problema de grandes dimensões e aparentemente insolúvel seja enfrentado com eficácia.
Segunda: pequenos desperdícios, acrescentando-se uns aos outros, também produzem rombos nas contas públicas.
Terceira: embora visem aos grupos carentes, os programas sociais beneficiam indiretamente toda a comunidade. Assim, não há por que pensar que determinados problemas devem ser cuidados exclusivamente pelo Estado.
Resta aguardar os resultados da experiência de Bragança.

Texto Anterior: Intolerâncias judiciais
Próximo Texto: Febre separatista
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.