São Paulo, sábado, 13 de janeiro de 1996
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Febre separatista

Ao manterem 2.000 reféns em um hospital, os rebeldes tchetchenos demonstram que o recurso à força militar é insuficiente para solucionar conflitos étnicos, nacionalistas e de integridade territorial.
No caso da guerra envolvendo o Kremlin e os rebelados não há como apontar a parte criminosa. Ambos são autores de atrocidades e responsáveis pelos episódios mais sangrentos envolvendo a Rússia depois da guerra do Afeganistão. Ao lutar pela integridade territorial, o poder central apelou para a força militar. Tentando resistir, os rebeldes preferiram enfrentar as forças oficiais do governo, ainda que cientes de sua fragilidade.
A exigência de autonomia política da Tchetchênia representa uma ameaça à sobrevivência do país como um todo. O medo do poder central é que, ao dar autonomia a esse povo, outras cem nacionalidades possam fazer demandas similares. Em um cenário de deterioração do Estado e denúncias de corrupção, as investidas nacionalistas poderiam ser um golpe fatal ao poder político estabelecido.
Há anos o mundo assiste a conflitos entre governos e minorias étnicas. As consequências para a população civil são dramáticas. O exemplo da ex-Iugoslávia é uma lição sobre o potencial degenerativo dessa situação. O caso russo, além de mostrar que Ieltsin não apresenta as características dos grandes estadistas, indica que é preciso dar mais atenção a problemas que parecem ser apenas localizados.

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