São Paulo, domingo, 14 de janeiro de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Neto de Arraes 'governa' Pernambuco
XICO SÁ
No posto de secretário de Governo, Dudu, como é tratado dentro e fora dos gabinetes, foi escolhido como herdeiro político de Arraes. Procura cumprir o dever com obsessão. O governador é pai de dez filhos, mas não conseguiu fazer de nenhum deles a sua imagem e semelhança. Deu de tudo: médico, artista plástico, diretor de TV, economista, jornalista, advogado... e nenhum Arraes "cover". "Eles não são loucos como eu", diz Campos, com bom humor. "Pulei uma geração, mas não existe nenhum conflito familiar por causa disso". Dudu é definido pelo avô como um "menino ajuizado". Envelhecido pelo poder precoce, ele chega a ser acionado até para resolver rusgas entre alguns dos dez filhos de Arraes. "Sou respeitado por eles", diz. Dudu começou a virar o herdeiro no início do segundo governo do avô (1987-90). Entrou no lugar do tio Marcos, filho de Arraes, na chefia de gabinete. Dois anos depois, nova aposta. E o neto querido sai das urnas como o deputado estadual mais votado, com 120 mil votos. O posto de herdeiro e o poder que ostenta rende a Campos a ira dos adversários, que o tratam como "caciquinho" e "coronelzinho", entre outros diminutivos. O neto de Arraes de fato reina e governa. Ou, como se diz em Pernambuco, "casa e batiza". A opinião é unanimidade no Estado. O poder de Campos dividiu o governo em duas alas: os "duduzistas", uma referência ao seu apelido, e os "arraesistas". Não existe um conflito aberto ao ponto de tumultuar administração, mas uma rede de intriga sutil e permanente. Há secretário que treme ao ouvir as ordens de Dudu. Assuntos polêmicos, como o atraso do 13º do funcionalismo, por exemplo, não podem ser tocados em público por ninguém do governo. Só ele fala a respeito. A ala de Campos, composta pela "jovem-guarda" do poder, tem nas fileiras até um petista, o secretário de Saúde, Jarbas Barbosa. A composição com o PT, aliás, é uma obra do neto, que costurou a aliança ainda na campanha de 1994. Enquanto Arraes pendia para a direita, na busca dos usineiros, Campos caía pela esquerda. Texto Anterior: No tabuleiro da baiana Próximo Texto: Filho famoso de governador se diz 'aliviado' Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |