São Paulo, domingo, 14 de janeiro de 1996
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Setores têxtil e de plásticos reclamam

EDUARDO BELO
DA REPORTAGEM LOCAL

A indústria se transformou em depósito para o cliente. A reclamação é de Celso Hanne, presidente da Novolit e vice-presidente do Sindiplast (sindicato que reúne as indústrias de material plástico).
Segundo ele, os clientes estão comprando só o necessário para atender suas necessidades. Isso inclui a indústria automobilística.
Como as fábricas não podem produzir um número muito reduzido de peças, por causa dos custos, acabam produzindo acima da encomenda e estocando o excedente. Um mico que custa caro e pode demorar para ser vendido.
"Viramos almoxarifado das montadoras de automóveis. E isso está se estendendo aos demais setores da indústria", afirma Hanne.
Segundo ele, a situação do setor é de paralisia desde agosto. Em janeiro, diz, deve melhorar, mas ainda assim o trimestre ficará de 4% a 5% abaixo do nível de atividade do mesmo período de 1995.
Já o problema da indústria têxtil é de competitividade. Os encargos trabalhistas e a os impostos sobre a produção são as principais reclamações de Ivo Rosset, superintendente da Rosset.
Ele se diz capaz de concorrer "com qualquer produtor asiático", desde que o governo reduza os juros e os encargos. "O governo está na contramão. Ele concebeu a abertura da economia mas não estimula a oferta. É preciso gerar oferta, não recessão."
Rosset diz que a empresa está elaborando uma proposta para o sindicato dos trabalhadores para reduzir a jornada de trabalho -e salários- em 25%, por falta de encomendas.
Os exportadores também não esperam um trimestre tranqilo.
A previsão é de déficit na balança comercial nos três primeiros meses do ano com recuperação a partir de abril ou maio, afirma Marcus Vinicius Pratini de Moraes, presidente da AEB (Associação Brasileira de Comércio Exterior).
O superávit só virá quando começarem as exportações de produtos agrícolas, diz.
Na avaliação de Flávio Castelo Branco, da CNI, setores básicos (como alimentos, bebidas, higiene limpeza) e alguns bens de consumo duráveis (caso específico de eletroeletrônicos, especialmente som e imagem) devem continuar se dando bem neste ano.
A CNI projeta um trimestre de "crescimento negativo", mas, como o governo, espera que a recuperação na segunda metade do ano proporcione crescimento econômico de 4% a 5%.
(EB)

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