São Paulo, domingo, 14 de janeiro de 1996
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Pão de Açúcar cresce 21%, com vendas de US$ 3,3 bi

CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO
DA REPORTAGEM LOCAL

O total de vendas brutas do grupo Pão de Açúcar em 95 chegou a U$S 3,3 bilhões, segundo o primeiro levantamento feito pela empresa, usando o Índice Geral de Preços (IGP-DI) como deflator.
Esse valor indica um crescimento de cerca de 21% em relação a 94, o dobro da expansão do conjunto dos supermercados paulistas.
Esse não foi o único resultado positivo obtido pelo grupo no ano passado -em 1995, foram levantados US$ 112 milhões junto ao mercado de capitais no processo de abertura de capital da companhia; o Pão de Açúcar diminuiu a diferença de tamanho em relação ao Carrefour, o primeiro no ranking dos supermercados; a taxa de lucratividade foi boa; melhorou a imagem da empresa junto ao público consumidor.
Não é de surpreender, portanto, que o presidente do grupo, Abílio Diniz, 59, seja hoje um dos raros empresários que não esteja reclamando da política econômica. Ele também garante que sua empresa está preparada para enfrentar o Wal-Mart, o maior grupo de varejo do mundo, que entrou no mercado brasileiro no ano passado.
Figura de destaque no mundo dos negócios, representante dos empresários no Conselho Monetário Nacional (CMN) durante os anos 80, Diniz se tornou ainda mais conhecido quando foi sequestrado, em 1989, e por ter passado por uma série de disputas com familiares pelo controle do grupo, que acabou em suas mãos. Nos últimos anos, ele se dedicou basicamente aos esportes e a um longo e penoso processo de reengenharia do Pão de Açúcar.
Atuando em um setor especialmente sensível às mudanças na economia, ele disse à Folha que não está insatisfeito com a política econômica. "Concordo que a política de juros altos é penosa para trabalhadores e empresários, mas não havia outra alternativa para manter a estabilidade monetária."
A estabilidade da moeda trazida pelo Real ajudou muito o grupo a obter resultados favoráveis em 1995, afirma Diniz. O que desmente as previsões feitas por muitos economistas e consultores, antes da adoção do Plano Real, de que os supermercados de forma geral iriam deixar de ser lucrativos quando a inflação caísse.
O Pão de Açúcar ganhou com o Real porque aumentou as vendas mais para famílias de renda mais baixa, compensando a retração do consumo observado nas compras da classe média. Além disso, o grupo ganhou porque ficou mais fácil administrar um supermercado com inflação média inferior a 2% ao mês, como em 95.
"O mercado de supermercados no Brasil é muito competitivo e, por isso, é essencial uma administração muito boa, que acompanhe muito bem os estoques, a distribuição dos produtos entre as lojas, os preços", comenta Diniz. Também é fundamental que se invista em tecnologia e em treinamento -o que também fica mais fácil planejar com um panorama da moeda estabilizada.
No período de 1995 a 1997, o grupo planeja investir R$ 388 milhões, sendo o grosso dos investimentos deverá ocorrer neste e no próximo ano. Os recursos serão aplicados em modernização de lojas, instalação de novos supermercados e em informática. Também se planeja investir muito em treinamento -"queremos agora tirar mais proveito dos investimentos que fizemos e estamos fazendo em automação das lojas".

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