São Paulo, domingo, 14 de janeiro de 1996
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Imagem melhora, mas fama de careiro persiste

CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO
DA REPORTAGEM LOCAL

A imagem do grupo Pão de Açúcar junto aos consumidores tem melhorado muito nos últimos anos.
O reflexo dessa percepção nos negócios foi o aumento nas vendas, que se revelou mais forte do que em seus concorrentes.
Os clientes acham que os supermercados do grupo atendem melhor e oferecem mais variedade do que há alguns anos.
O próprio presidente do grupo admite, no entanto, que muitos consumidores continuam achando que os supermercados da rede são careiros.
A razão para essa imagem negativa está relacionada à lembrança dos consumidores. O fato é que durante muitos anos -na década de 80 e início dos anos 90- o Pão de Açúcar cobrou mesmo mais do que outros supermercados.
"Durante mais de uma década, vendemos caro", afirma Abílio Diniz. "Mesmo depois que iniciamos o processo de reestruturação, em 1990, ainda não tínhamos condições de começar a baixar os preços porque havia muita ineficiência, muito desperdício nas nossas operações", diz.
Os supermercados do grupo só começaram a ser mais competitivos em termos de preços depois que foram feitos investimentos pesados em tecnologia e treinamento de funcionários.
Um exemplo de ganho de eficiência foi o aumento constatado nos últimos anos na média de vendas por funcionário: em 1985, cada empregado vendia cerca de US$ 3 mil ao mês; no ano passado, essa média saltou para mais de US$ 10 mil.
Essa maior eficiência, espera Diniz, deverá ser importante para enfrentar a concorrência "feroz" entre os supermercados. A competição foi acirrada ainda mais com a chegada do Wal-Mart ao mercado brasileiro no segundo semestre do ano passado.
No caminho
Ele diz que o grupo Pão de Açúcar está preparado para disputar clientes com uma empresa 30 vezes maior do que a sua. "Não vou ter a pretensão de dizer que somos melhores do que o Wal-Mart, mas já temos um caminho traçado para enfrentá-los, o que nos dá certa tranquilidade."
Ser o melhor na prestação de serviços é um dos pontos dessa estratégia para concorrer não apenas com o Wal-Mart mas com outros grupos fortes do setor, notadamente o Carrefour, que há alguns anos ultrapassou o Pão de Açúcar em faturamento.
O empresário garante que não pretende mais que seu grupo seja o maior entre os supermercados do país.
Esse não foi o objetivo do complexo processo de reestruturação dos últimos anos.
Ao contrário. No processo, foi reduzido o número de lojas e de funcionários, em busca de maior eficiência e da profissionalização do grupo.
Automação total
O novo alvo de Abílio Diniz agora é aprofundar o programa de procura de qualidade.
Desse programa faz parte a modernização de algumas lojas localizadas em pontos estratégicos, com grande afluência de público.
Um exemplo é a reforma total que será feita no supermercado Pão de Açúcar instalado na rua Gabriel Monteiro da Silva, nos Jardins, um dos bairros nobres da cidade de São Paulo.
Aprovada recentemente pela prefeitura, a reforma vai trazer para esse supermercado - o segundo mais antigo da cidade- tudo o que há de mais moderno em termos de automação comercial.
(CGF)

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