São Paulo, domingo, 14 de janeiro de 1996
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"Bolha" de consumo faz a atividade industrial crescer

EDUARDO BELO
DA REPORTAGEM LOCAL

A economia ganhou fôlego inesperado em janeiro. Uma "bolha" de consumo alterou o cenário e promoveu o súbito aquecimento da atividade. Por enquanto, essa reação se reflete no setor mais sensível da indústria: embalagens.
As encomendas de janeiro estão entre 10% e 15% acima da previsão, revela José Luiz Miotto, gerente comercial da Trombini, fabricante de embalagens que fatura cerca de US$ 270 milhões por ano.
Embora esteja entre 10% e 15% menor que em janeiro de 1995, quando a produção era recorde para a época, o atual nível de atividade surpreende. Mioto acredita que no início de janeiro estaria mesmo ocorrendo uma "bolha" de consumo.
"A atividade costuma cair em janeiro. Este ano não caiu e está acima da expectativa", reforça Walter Schalka, diretor da Dixie-Toga, também de embalagens.
Produtora de caixas de papelão ondulado -usadas em quase todos os bens de consumo-, a Trombini vislumbra um crescimento da demanda generalizado entre os vários setores da indústria.
A análise coincide com a do Departamento Econômico da CNI (Confederação Nacional da Indústria): o aquecimento é geral, embora alguns setores venham se destacando, diz Flávio Castelo Branco, economista da entidade.
Ele é maior nas indústrias de produtos básicos, como alimentos, bebidas, medicamentos e artigos de higiene pessoal e limpeza. Com o ganho de renda proporcionado pelo Plano Real às camadas de menor renda, esses setores têm crescido acima dos demais.
"A economia está em níveis bastante satisfatórios para a época", analisa Mario de Fiori, diretor do grupo Cragnotti, dono das marcas Bom Bril e Orniex.
Para ele, o varejo andava tão cauteloso no final do ano que a inesperada reação das vendas fez com que as encomendas fossem quase insuficientes.
Agora, para se recompor, indústria e comércio voltaram às compras. Os setores que mais venderam em 95 foram justamente o de produtos básicos -como supermercados- e de eletrodomésticos.
Incomum para esta época, o aquecimento da atividade econômica tem uma explicação simples. As vendas de final de ano foram maiores que a expectativa e abriram espaço para a recomposição de estoques, diz Castelo Branco.
Como bolhas têm vida curta, as previsões de Castelo Branco são de que os efeitos do aquecimento se encerrem até o final do mês.
Indústria e comércio têm operado com estoques reduzidos.

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