São Paulo, domingo, 14 de janeiro de 1996
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Custos de moradia devem continuar altos

RODRIGO AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

Mesmo com a inflação praticamente estabilizada, os custos de moradia deverão aumentar nos primeiros meses deste ano.
As taxas de condomínio deverão subir devido à nova política de pagamento de horas extras para os empregados de edifícios, segundo José Roberto Graiche, presidente da Aabic (Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios).
No último dia 4, a Justiça do Trabalho decidiu que as horas extras devem ser pagas com um adicional de 100% sobre o valor da hora normal de trabalho.
Além disso, os condomínios deverão refletir os aumentos das tarifas públicas. Em dezembro, por exemplo, a tarifa de energia elétrica teve um reajuste de 18%.
O aluguel residencial também deve continuar alto, opina Roberto Capuano, presidente do Creci (Conselho Regional dos Corretores de Imóveis).
"Não há nenhum fator que indique queda do valor do aluguel, principalmente entre os imóveis de pequeno porte", diz.
Graiche prevê um período de estabilidade para o mercado de locação. O problema é que ela se dará em patamares elevados.
Segundo a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da USP), durante o ano passado o aluguel aumentou 160%. A inflação do período foi 23,16%.
Pesquisa do Creci (Conselho Regional dos Corretores de Imóveis) realizada em novembro apurou que o aluguel de um apartamento de um quarto em Ermelino Matarazzo, na periferia da zona leste, chega a custar R$ 400. "É muito elevado", diz Capuano.
Hubert Gebara, da Hubert Imóveis, lembra que já está acontecendo um aumento da inadimplência na capital. "Entre 5% e 6% dos inquilinos estão com dois ou mais meses de aluguel atrasados. A média em tempos normais é 2%."
Para ele, uma das soluções para o setor de locação seria a criação de incentivos fiscais para a construção de imóveis destinados ao aluguel residencial. Por outro lado, está difícil escapar do aluguel.
Os financiamentos do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) estão praticamente parados, e não há outras formas de financiamento.
Capuano elogia os estudos do Ministério do Planejamento de criar linhas de crédito para quem recebe mais de R$ 1.200.
Segundo ele, é necessário também criar alternativas para a população de baixa renda. "Hoje em dia, quase não se vende imóveis para esse consumidor."
(RA)

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