São Paulo, domingo, 14 de janeiro de 1996
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Boa notícia

VALDO CRUZ

BRASÍLIA - O Brasil dos últimos tempos virou cenário de atentados contra os direitos humanos. Os episódios da Candelária e do Carandiru são, infelizmente, apenas dois exemplos de massacres de vidas humanas.
Os jornais, a cada dia, trazem novas Candelárias e novos Carandirus. O grande risco, além da impunidade, é que essas agressões se transformem em cenas cotidianas e que não causem nenhum espanto no brasileiro.
Até hoje, pouco tem sido feito pelos governos federais para apagar essa imagem de que agressão aos direitos humanos no Brasil é algo rotineiro. Ou se fica na retórica ou em medidas paliativas, que não duram mais do que o constrangimento público provocado por uma chacina.
Agora, surge uma boa notícia. O governo Fernando Henrique começa a esboçar um Plano Nacional de Direitos Humanos. O primeiro rascunho foi encomendado ao sociólogo Paulo Sérgio Pinheiro.
O trabalho será coordenado pelo chefe de gabinete do Ministério da Justiça, José Gregori, amigo pessoal de FHC. Com base no texto de Pinheiro, ele montará com seus assessores um projeto-piloto, a ser discutido com entidades civis.
O plano deve ser anunciado em fevereiro. Trará uma lista com pelo menos cinco pontos a serem atacados, como a situação carcerária brasileira, o abandono dos meninos de rua e a invasão das terras indígenas.
A intenção, segundo Gregori, é desenvolver iniciativas que reduzam a violência contra esses grupos no país, unindo o poder público e as entidades de direitos humanos.
"Vamos colocar o combate à violência na agenda nacional", diz o chefe de gabinete da Justiça. Ele tem no currículo o feito de ter negociado o projeto que reconheceu os desaparecidos políticos e determinou pagamento de indenização a suas famílias.
O que se espera é que a medida se transforme em realidade, e não fique apenas no papel. Será um passo importante para que o governo FHC mostre que dará, como prometeu, destaque ao social em seus quatro anos de administração. No primeiro, o tema ficou um pouco esquecido da sua agenda.

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