São Paulo, domingo, 14 de janeiro de 1996
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Mercado para carros usados "encolhe"

HENRIQUE SKUJIS
DA REPORTAGEM LOCAL

O ano de 1995 foi eleito pelos lojistas do setor de carros usados como pior da década.
Segundo a Assovesp (entidade que reúne revendas independentes de usados), foram comercializados 354.680 carros, contra 481.739 em 94, uma queda de 26,38%. Se comparado com 93, a queda chega a 34,1%. Os estoques de usados chegam a quase 100 mil unidades -o normal seria 60 mil.
Os revendedores, segundo a Assovesp, enfrentam outro problema: as montadoras buscaram dinheiro no exterior para financiar as vendas de carros usados pelas concessionárias, que agora conseguem financiamentos em 24 meses com juros entre 1% e 3% ao mês.
Os lojistas podem vender em no máximo três vezes, já que não têm capital para suprir as necessidades de seus clientes. Além disso, a taxa de juros no mercado está entre 6,5% e 8%.
Avelino Teixeira Júnior, presidente da Assovesp, acusa o governo pela situação do setor.
"Nem os 130 mil trabalhadores do setor que perderam seus empregos em 95 sensibilizaram o governo a aumentar o prazo de financiamento e reduzir os juros."
Bem de consumo
Na época de alta da inflação, os revendedores contavam muito com a valorização do carro acima do índice inflacionário. Com a estabilização econômica, o automóvel deixou de ser um investimento e passou a ser um bem de consumo.
Acabou o tempo em que o consumidor comprava um carro usado, vendia depois de um ano e ainda colocava dinheiro no bolso.
Em 95, todos os carros sofreram desvalorização, segundo a Assovesp. O carro que mais perdeu valor foi o Uno S 87, que ficou 38,75% mais barato ao longo do ano. Depois vêm o Prêmio CSL 88, com queda de 32,45%, o Prêmio CSL 92, com 29,93%, e o Logus GLS 94, com 29,91%.
Assim, o consumidor que comprou carro usado, em 95, como investimento, perdeu dinheiro.
Para 96, a previsão da Assovesp é de mais queda nas vendas.
Segundo George Chahade, diretor de Assuntos Econômicos e Mercadológicos da associação, com a manutenção dos juros altos e do financiamento limitado a seis meses, as vendas devem continuar a cair. Chahade acredita que os preços se estabilizaram, mas não descarta novas quedas.
(HS)

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