São Paulo, segunda-feira, 15 de janeiro de 1996
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Gene impede ação de droga para os rins

DA REPORTAGEM LOCAL

Um gene envolvido na regulação da pressão sanguínea impede a ação de drogas usadas em pacientes com insuficiência renal, diz estudo publicado na última edição da revista "The Lancet".
Pesquisadores do Hospital da Universidade do Estado (Holanda) descobriram que o gene torna pacientes resistentes a medicamentos protetores dos rins.
Os tratamentos de insuficiência renal, chamados renoprotetores, se baseiam em drogas cujo objetivo é evitar um aumento excessivo da pressão sanguínea, o que poderia ser perigoso em pacientes que já possuem o problema renal.
O gene estudado pelos cientistas é responsável pela produção de uma proteína chamada enzima conversora de angiotensina, que foi batizada ACE.
Genes são trechos do material genético que ordenam a fabricação de uma proteína.
Os cientistas estudaram três formas do gene. Apenas os pacientes que possuem uma dessas formas (conhecida como AA) são resistentes aos medicamentos.
Os pesquisadores acompanharam 81 pacientes com o problema, que foram divididos em dois grupos e testados com duas drogas.
A primeira, beta-bloqueador atenelol, é a mais antiga e usada nesse tipo de tratamento. A segunda, enalapril, inibe o gene ACE.
Os pesquisadores acompanharam os pacientes entre 3 e 4 anos, testando de tempos em tempos a taxa de filtração glomerular.
A taxa, que mede o quanto do sangue está sendo filtrado pelos rins, avalia o quão eficientemente os órgãos estão funcionando.
Segundo os cientistas, as diferentes formas genéticas levam a diferentes resultados: 27% dos pacientes com a forma AA tiveram de ser submetidos a hemodiálise, já que as drogas passaram a não agir mais em seus organismos.
A hemodiálise, filtração artificial do sangue por meio de uma máquina, é necessária em pacientes com insuficiência renal.

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