São Paulo, segunda-feira, 15 de janeiro de 1996
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'Smashing Pumpkins fala de dor e amor'

DADO VILLA-LOBOS
ESPECIAL PARA A FOLHA

É incrível como a história de toda banda de rock legal se repete nos quatro cantos do planeta. Parece a mesma história se repetindo, só muda o nome dos personagens. Agora, pra quem é fã, a coisa muda de figura: glamour, mistérios, sexo, segredos, subhistórias e pequenos detalhes reveladores fazem a tal diferença. Tá tudo escrito no caderninho do Malcolm McLaren.
O Smashing Pumpkins começa em Chicago lá por volta de 1988 e foi formado inicialmente pelo vocalista/compositor/guitarrista e dono da banda Billy Corgan e o outro guitarrista, James Iha. Mais uma bateria eletrônica.
"Vamos fazer uma superbanda de rock da pesada, mas sem essa de ser bonitinho, drogado ou misterioso. Vamos ser a gente mesmo, do jeito que a gente é!" -grunge.
É claro que não conseguiu, o ingênuo. Não conheço um grupo que tivesse conseguido. Os que chegaram perto, acabaram.
Com a entrada da baixista D'Arcy (toda banda bacana do rock alternativo tem uma mulher no baixo que toca do mesmo jeito; Sonic Youth, Pixies, Breeders e Diorama, de São Paulo -com a Ana Ruth no baixo, que não me deixa mentir-, todas elas são demais!) e do baterista que adora jazz, Jimmy Chamberlin, o Smashing Pumpkins vira uma banda... banda mesmo, fazendo o que tinha de ser feito até a gravação do primeiro disco, "Gish" (1991). O povo falava para eles que, se eles tivessem feito a coisa direitinho, do jeito que tinha de ser, eles é que teriam sido o turbilhão chamado Nirvana.
Billy não queria ser Cobain e ficou puto. Então, veio "Siamese Dreams" (1993), que foi um certo estouro pelo mundo. Foi quando os Smashing Pumpkins provaram ser eles mesmos. Acabaram até como os "headliners" (atrações principais) do Loollapallooza 94 -de onde os fãs puderam colecionar poucas e boas!
Finalmente, em 1995, após dez meses de estúdio, vem o sonho de toda banda: um álbum duplo, "Mellon Collie And The Infinite Sadness", que chegou ao topo da parada americana na primeira semana do lançamento.
Tudo isso sob a tirana convivência com Billy Corgan, um maníaco perfeccionista, que leva uma semana para mixar uma faixa. Além de ser um guitarrista que escolhe o melhor tom da microfonia ideal (ele deve chamar o analista para timbrar seu instrumento) para tal e tal música, chegando ao máximo de 56 partes de guitarra em uma só canção.
Seus temas favoritos são dor, violência e amor. Suas influências: Beatles, Black Sabbath, David Bowie, Marc Bolan. Suas bandas preferidas: My Bloody Valentine, Mercury Rev, Thin Lizzy, Cheap Trick.
Agora, o pessoal anda falando que eles não são legais ao vivo, não soam bem, são muito barulhentos... Quem viu na MTV disse que eles são realmente um horror. Eu não sei não. Se fosse você, tirava essa dúvida, porque os fãs adoram, se rasgam e pedem bis!

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