São Paulo, quarta-feira, 17 de janeiro de 1996
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Acordo da Previdência racha CUT e PT

DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O acordo para a reforma da Previdência fechado entre as centrais sindicais e o governo provocou um racha entre o PT e a CUT (Central Única dos Trabalhadores).
Os partidos de oposição -PT, PDT e PC do B- já se posicionaram contra o acordo e prometem votar contra a reforma. A CUT é o braço sindical do PT.
A CUT é o braço sindical do PT. Pelo menos a metade dos deputados da bancada do partido na Câmara, atualmente, tem origem no meio sindical.
Deputados do PT consideraram precipitada a atitude da CUT de firmar o acordo anteontem entre os dirigentes das centrais e os os ministros Reinhold Stephanes (Previdência) e Paulo Paiva (Trabalho).
Consulta
Politicamente, os deputados petistas consideraram que a CUT deveria ter consultado o partido antes de concluir os entendimentos.
Além disso, eles entendem que a central favoreceu a estratégia do governo de tentar um acordo com as centrais para enfraquecer a reação da oposição, que resistia à aprovação da emenda no Conresso.
No momento em que o parlamento começa a reagir conseguindo acumular forças contra a reforma as centrais negociam e rebaixam o poder de fogo estabelecid pela oposição", afirmou o deputado Paulo Rocha (PT-PA).
Reunião
A Executiva da CUT se reúne hoje em São Paulo para tratar do assunto. "Vou defender a aprovação dos itens acertados", afirmou o presidente da central, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho.
Ontem, os dirigentes das centrais se reuniram com os deputados de oposição. Na reunião, os parlamentares criticaram o acordo.
Pelo menos 14 deputados do PT presentes discursaram contra o acerto com o governo, segundo relato dos participantes que criticaram o acordo..
Deputados e centrais concordaram que há independência de ação.
"A central não deve obediência aos deputados e nem os parlamentares devem obediência às centrais. Se pudermos ter uma tática conjunta, melhor", afirmou o líder do PT na Câmara, Jaques Wagner (BA). O líder do PT reúne seus deputados hoje pela manhã para turar posição oficial da bancada sobre o acordo.
Entre os três pontos do acordo firmado, as centrais aceitam transformar o tempo de serviço para a aposentadoria por tempo de contribuição, como deseja o governo e prevê o parecer do relator da emenda na Câmara, deputado Euler Ribeiro (PMDB-AM).
Os outros pontos do acordo mantêm a aposentadoria especial para os professores de 1º e 2º graus e a dos trabalhadores rurais.
A deputada Jandira Feghali (PC do B-RJ), contrária ao acordo, defendeu a suspensão da reunião marcada para amanhã entre os dirigentes das centrais e o presidente Fernando Henrique Cardoso para a formalização do entendimento.
Jandira Feghali afirmou que para o PC DO B, o acordo é inadmissível. Para ela, não há negociação se o governo não aceitar centralizar os recursos arrecadados na Previdência e uma auditoria geral no setor, entre outros pontos.
O PDT também reagiu negativamente ao acordo. "O PDT não está comprometido em votar a favor do acordo", disse o líder do partido na Câmara, Miro Teixeira.
Com promessa de obstrução da oposição, a comissão que analisa a emenda da reforma começa a discutir hoje o parecer do relator. Ontem, o líder do governo na Câmara, Luiz Carlos Santos (PMDB-SP), reuniu os líderes dos partidos tentando evitar atrasos na votação. Há cerca de 100 itens que foram destacados para serem votados de forma separada.
O acordo agradou as lideranças governistas na Câmara. O líder do PMDB, Michel Temer (SP), afirmou que vai orientar sua bancada a favor do acordo.

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