São Paulo, terça-feira, 23 de janeiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bahia perde 1 milhão de sacas de cacau

DA REPORTAGEM LOCAL

A falta de chuva entre o final de 94 e início de 95 e o alastramento da vassoura-de-bruxa (doença causada por fungos) derrubaram a safra 95/96 de cacau na Bahia.
As estimativas sobre a produção variam de 2,5 milhões (previsão de algumas empresas) a 3,055 milhões de sacas (número do governo).
Na melhor das hipóteses, a safra 95/96, que oficialmente termina em abril, deve diminuir 23,6% sobre os 4 milhões de sacas colhidos na safra 94/95.
Luís Fernando Brandão, diretor-comercial da Comcauba (Comissão de Comércio de Cacau do Brasil), espera que as lavouras se recuperem na safra 96/97, que começa em maio.
Chuvas regulares sobre a Bahia desde outubro estão favorecendo as floradas da safra temporã,colhida normalmente de maio a setembro.
Ela antecede a safra principal, com colheita entre outubro e abril.
Caso as chuvas continuem caindo sobre a região cacaueira, a safra temporã pode somar 1,6 milhão de t, 500 mil t a mais que a colhida no ano passado.
Por causa da queda na safra de cacau, os processadores importaram no ano passado 5.000 t de amêndoas e centenas de toneladas de subprodutos como líquor e manteiga, a fim de suprir a indústria chocolateira.
Estimativas do mercado mostram que o consumo de chocolates e achocolatados no Brasil cresceu cerca de 20% em 95.
O consumo esteve aquecido especialmente entre setembro de 94 e abril de 95.
A partir de maio, a demanda por chocolates caiu um pouco, embora tenha continuado em patamar superior à do período pré-Real.
"A tendência nos próximos anos é de o Brasil tornar-se importador de cacau, caso não se encontre uma solução para se combater a vassoura-de-bruxa", diz Nicolaus Dieter, diretor-comercial da Chadler, empresa processadora, com sede em Salvador (BA).
A redução da safra nos últimos quatro anos praticamente tirou o Brasil da posição de um dos principais exportadores do produto e obrigou algumas empresas a desativar unidades industriais.
A Chadler, por exemplo, desmontou sua fábrica em Salvador no final de 94, diminuindo sua capacidade de processamento de amêndoas de 70 mil sacas para 45 mil sacas/mês, agora concentrado em sua unidade de Ilhéus.
Parte do maquinário foi transferida para sua mais nova fábrica, localizada em Bridge Port, Nova Jersey, nos Estados Unidos. A fábrica, com capacidade para processar 45 mil sacas/mês, começa a funcionar em fevereiro.
"Demanda para o cacau existe. O problema é a falta de matéria-prima", afirma Dieter.
A nova fábrica é uma tentativa de a empresa recuperar o faturamento perdido com a escassez de cacau na Bahia.
Em 95, segundo Dieter, a Chadler faturou cerca de R$ 60 milhões na venda de subprodutos, 20% a menos do que em 94.

Texto Anterior: Importação provoca queda dos preços e gera crise em São Paulo
Próximo Texto: EUA promovem degustação para conquistar o mercado brasileiro
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.