São Paulo, terça-feira, 23 de janeiro de 1996
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Vigia é suspenso por acidente com radiação

DA REPORTAGEM LOCAL

O superintendente do Ipen (Instituto de Pesquisa Energética e Nuclear), Claudio Rodrigues, vai suspender por 15 dias o vigia Marcos César Pereira da Silva, apontado como autor de um derramamento de material radiativo que contaminou 4 pessoas em 2 de maio do ano passado.
Segundo Rodrigues, um inquérito da Cnen (Comissão Nacional de Energia Nuclear) concluiu que o vigia foi a única pessoa que poderia ter derramado o iodo-131 (elemento radiativo) no laboratório do Ipen, sediado em São Paulo.
"Houve, pelo menos, uma falha e um desrespeito às suas obrigações funcionais", disse o superintendente do Ipen. Rodrigues afirmou que outro inquérito, na PF (Polícia Federal), vai apurar se houve dolo (intenção).
O superintendente do Ipen disse que a quantidade de material radiativo derramada não é suficiente para provocar danos à saúde.
Segundo ele, a quantia de iodo-131 derramada é a mesma que se usa em hospitais para se fazer exames na glândula tireóide."É uma dose que pode ser absorvida pelo organismo", afirmou.
O Ipen produz ampolas com iodo-131 a fim de que sejam usadas em hospitais para exames e tratamento de tumores.
O inquérito da Cnen sugeriu, além da suspensão por 15 dias, o afastamento do vigia de trabalhos no laboratório. Essa medida, de acordo com Rodrigues, já foi tomada desde maio passado.
Foram ouvidas cerca de 30 pessoas no inquérito da Cnen. Chegou-se à conclusão de que o vigia era o responsável porque ele apresentou, em testes após o derramento, quantia de material radiativo maior do que os quatro contaminados no laboratório.
Depois de ter sido descontaminado, o vigia voltou a apresentar em seu organismo quantias do mesmo material radiativo.
Um segundo acidente, que aconteceu em 30 de maio passado, também está sendo investigado pela PF e a Cnem. Nesse episódio, três pessoas foram contaminadas pelo iodo-131.
A PF investiga também outros incidentes, que aconteceram em 1994, quando ocorreram atos de vandalismo contra detectores de metal e furtos de objetos pessoais.
Ao depor durante o inquérito da Cnen, o vigia negou ter derramado o material e ter participado de qualquer ato criminoso no Ipen.
Segundo o superintendente do instituto, o vigia está em férias e deve retornar ao trabalho no começo do próximo mês.

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