São Paulo, terça-feira, 23 de janeiro de 1996
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Prefeitura contratou empresa para fazer montagem de show sem licitação

FERNANDO PAULINO NETO
DA SUCURSAL DO RIO

A Prefeitura do Rio contratou sem licitação a empresa Promoter Marketing e Promoções Ltda. para fazer o trabalho de montagem e infra-estrutura do show de réveillon na praia de Copacabana por R$ 783 mil.
O teto para contratação de serviços sem licitação é de R$ 6.908,37, segundo o TCM (Tribunal de Contas do Município).
Ontem, o advogado Agnelo Borges de Medeiros, que entrou com uma ação popular contestando os cachês dos artistas e a contratação de empresas sem licitação, acrescentou um pedido (ainda não atendido) na 4ª Vara de Fazenda Pública para que a Promoter seja incluída entre os réus do processo.
A Riotur tem um prazo de 20 dias, que começou a contar ontem, para contestar a ação popular.
Marta Bartholomeu, sócia da Promoter, disse que sua produtora foi "indicada pelos artistas, convidada na última hora, fez um belo show e está pagando o pato". Ela informou que o contrato com a Riotur foi fechado no dia 27 de dezembro, a menos de uma semana da realização do show.
Segundo Marta, sua empresa "perguntou sobre licitação" à Riotur, empresa municipal de turismo e responsável pela organização da festa de réveillon, e recebeu a resposta que "nesse caso específico não cabia, pelo prazo (entre o contrato e a realização do evento), a licitação".
A Folha procurou o presidente da Riotur, Marcelo Siqueira, por telefone. Foi informada que ele estaria no escritório às 18h e poderia dar entrevista. Das 18h às 19h15 a Folha ligou três vezes, sendo informada de que ele não estava.
Bartholomeu disse que existem pelo menos mais quatro empresas de promoções de espetáculos em condições de fazer um show desse porte, se contratadas com maior antecedência. "Nós podemos fazer rápido porque temos toda a estrutura em casa", disse.
O advogado de cinco dos participantes do show -Gal Costa, Milton Nascimento, Caetano Veloso, Chico Buarque e Gilberto Gil-, Rui Meireles, vai pedir hoje a exclusão de seus clientes como réus do processo por considerar que a patrocinadora Pepsi, uma empresa privada, é que pagou os cachês dos artistas.
No processo, há documentos mostrando que a Riotur fez o pagamento. Meireles vai tentar provar que a Pepsi repassou o dinheiro para a Riotur.
Além dos cachês de R$ 100 mil líquidos que cada um dos cinco recebeu (Paulinho da Viola recebeu R$ 30 mil), os artistas convidados tiveram passagens aéreas e estada paga pelos organizadores.

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