São Paulo, terça-feira, 23 de janeiro de 1996
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Salário na Grande SP é o mais baixo desde 1985

LUIZ ANTONIO CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O ganho salarial decorrente da maior estabilidade dos preços a partir do Real já é coisa do passado. Em novembro, o salário médio pago em São Paulo chegou ao nível mais baixo desde, no mínimo, janeiro de 1985.
Isso porque foi essa a data em que teve início pesquisa do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos) e Seade (Fundação Sistema de Análise de Dados), que acompanha a evolução dos salários na Grande São Paulo.
Na primeira pesquisa Dieese/Seade, ficou definido que o salário médio pago na ocasião valeria 100 pontos. O acompanhamento a partir de então é dado sempre com relação a esse índice 100 de janeiro de 85 -um ano antes do Plano Cruzado.
Em novembro, cujo levantamento Dieese/Seade sobre salários foi divulgado ontem, o rendimento médio de um assalariado foi calculado em 49,9% do salário médio da primeira pesquisa ou 49,9 pontos (equivalentes a R$ 700,00).
O "pico" do salário no Plano Real foi registrado em fevereiro do ano passado, quando o ganho médio de um assalariado chegou aos 55,9 pontos.
Mas desde julho -quando o salário foi calculado em 53 pontos- o ganho dos assalariados vêm caindo sucessivamente.
Segundo Pedro Paulo Martoni Branco, diretor-executivo da Seade, o salário entrou no Real próximo dos 55 pontos (sempre com relação a 85).
Ao longo de todo o ano passado, o salário, de acordo com a pesquisa, caiu 8,5%, sendo que apenas em dezembro -em relação a novembro- a perda salarial registrada foi de 2,4%.
Entre os fatores que mais contribuíram para a queda da remuneração, Martoni Branco destaca a política salarial do Real, que "deixou os salários desindexados".
Além disso, diz o economista, o menor nível de atividade -especialmente a partir do segundo semestre do ano passado- e a crise de inadimplência fizeram o trabalhador se preocupar mais com a manutenção de seu emprego do que com ganhos salariais.
Martoni Branco diz que não vê possibilidade de o salário voltar a crescer no curto prazo. "Sem perspectiva de crescimento da economia, os salários podem inclusive cair mais", afirma.

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