São Paulo, terça-feira, 23 de janeiro de 1996
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Ingresso líquido de dólar bate em US$ 2 bi

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O mercado de dólar comercial (exportações e importações) já comemora um saldo positivo (entradas menos saídas) de praticamente US$ 2 bilhões em janeiro.
Até sexta-feira, último dado oficial, o saldo total era de US$ 1,713 bilhão. Ontem, até as 18h30, computadores de bancos registravam o ingresso líquido de mais US$ 273 milhões.
Mesmo descontando o volume calculado pelo mercado de saídas pelo dólar flutuante (segmento do dólar-turismo), da ordem de US$ 560 milhões, o país está recebendo US$ 1,5 bilhão. É um caminhão.
Não há como comparar este janeiro com o do ano passado. Impactado pela crise mexicana, em janeiro de 95, o saldo do comercial foi negativo (saídas maiores que entradas) em US$ 1,4 bilhão.
Hoje, estabelecendo o preço do dólar, o BC (Banco Central) promete uma grande tranquilidade ao investidor estrangeiro: o câmbio sempre vai andar abaixo do juro.
A tranquilidade é tanta que não há tanto espaço para apostas. Ontem, o primeiro negócio com dólar no mercado futuro aconteceu às 10h30. O mercado abriu às 10h.
A tranquilidade aumenta o ingresso, e ele, depois de virar real (ontem, não se escapou da regra, o BC comprou dólares), a liquidez.
A liquidez do mercado está se reproduzindo como coelho. Que o diga o BC -que já fez até leilão para "enxugar" o mercado e empurrar, como deseja, o juro para o "teto" da banda.
Mas é quase como "enxugar" gelo -em parte fabricado pelo próprio BC. O juro alto convida um caminhão de dólar aos trópicos e o Tesouro continua gastando.
Ontem, em repasse para os Estados, avalia o mercado, mais R$ 1,2 bilhão entraram na economia.
A pressão da liquidez já empurrou as taxas do over ligeiramente para baixo. Ontem, a taxa média ficou em 3,55%, contra 3,57%, na sexta-feira.
Os analistas debatem agora como o BC fará a transição de taxas de janeiro para fevereiro (que tem menos dias úteis).
A maioria aposta que o BÁ, seguindo a tradição, não fará transição alguma, apenas vai corrigir a taxa-over, já em 1º de fevereiro, para algo próximo de 3,8%.
sto é, a maioria acredita que o BC não sobe escada (não vai puxar os juros gradualmente nos últimos dias de janeiro), só rampa.

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