São Paulo, terça-feira, 23 de janeiro de 1996 |
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Filme une poesia e sofisticação
JOSÉ GERALDO COUTO
"O Beijo" é simplíssimo: sobre o telhado de um velho armazém, sentada a uma mesa, uma moça lê um livro; um jovem surge de uma clarabóia, se aproxima e a beija. O tratamento da cor, a precisão dos gestos e da montagem, tudo revela grande sensibilidade visual. Mas só: parece um comercial refinado. Já "A Ilusão", filmado sobre os telhados da Sorbonne, é cinema de verdade. São dois minutos plenos de controle narrativo e invenção visual. Um artista pinta a paisagem que vê lá do alto. Num telhado próximo, surge uma bela bailarina. Depois de ter uma vertigem e quase cair, ele a perde de vista. Ela reaparece no telhado pintado em seu quadro. Ele a busca, dá um passo à frente e despenca no vazio. As cores são carregadas de poesia. Os enquadramentos e movimentos de câmera são precisos. O filme foi rodado em 35 mm, telecinado, finalizado eletronicamente e depois kinescopado (fotografado quadro a quadro para retornar à película). Os efeitos permitidos pela edição digital não foram usados como um fim em si. Estão a serviço da expressão e da emoção. Viva o cinema. (JGC) Texto Anterior: Brasileira filma série nos telhados de Paris Próximo Texto: Greenway rejeita interatividade no cinema Índice |
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