São Paulo, terça-feira, 23 de janeiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Filme une poesia e sofisticação

JOSÉ GERALDO COUTO
DA REPORTAGEM LOCAL

"A Ilusão", segundo curta de Gabriela Greeb, mostra um salto de qualidade com relação ao primeiro, "O Beijo".
"O Beijo" é simplíssimo: sobre o telhado de um velho armazém, sentada a uma mesa, uma moça lê um livro; um jovem surge de uma clarabóia, se aproxima e a beija.
O tratamento da cor, a precisão dos gestos e da montagem, tudo revela grande sensibilidade visual. Mas só: parece um comercial refinado. Já "A Ilusão", filmado sobre os telhados da Sorbonne, é cinema de verdade. São dois minutos plenos de controle narrativo e invenção visual.
Um artista pinta a paisagem que vê lá do alto. Num telhado próximo, surge uma bela bailarina. Depois de ter uma vertigem e quase cair, ele a perde de vista. Ela reaparece no telhado pintado em seu quadro. Ele a busca, dá um passo à frente e despenca no vazio.
As cores são carregadas de poesia. Os enquadramentos e movimentos de câmera são precisos.
O filme foi rodado em 35 mm, telecinado, finalizado eletronicamente e depois kinescopado (fotografado quadro a quadro para retornar à película). Os efeitos permitidos pela edição digital não foram usados como um fim em si. Estão a serviço da expressão e da emoção. Viva o cinema.
(JGC)

Texto Anterior: Brasileira filma série nos telhados de Paris
Próximo Texto: Greenway rejeita interatividade no cinema
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.