São Paulo, terça-feira, 23 de janeiro de 1996
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Estado nasce em três anos, diz OLP

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL

O mais novo Estado da comunidade internacional, a Palestina, nascerá em no máximo três anos.
Promessa de Abu Mazen, que ocupa uma dupla função: é o número dois na hierarquia da OLP (Organização para a Libertação da Palestina) e também o presidente da Comissão Central Eleitoral, que organizou e supervisionou o pleito de sábado.
Mazen previu a independência do Estado palestino para o período de mandato do Conselho de Autonomia eleito no sábado, que é precisamente de três anos.
Ou dois anos menos do que o prazo para as negociações com Israel para determinar o status final da região e de seus habitantes.
A julgar pela reação das lideranças internacionais, o prazo previsto por Mazen pode ser até considerado longo demais.
Ontem, Arafat cansou-se de receber telefonemas e textos por fax de cumprimentos de todas as partes em sua base de Gaza, o pedaço sudoeste do fraturado território palestino.
Recebeu também a visita formal de três chanceleres europeus, da Itália, da Irlanda e da Espanha, acompanhados do vice-presidente da União Européia, o espanhol Manuel Marín.
Mas o sinal mais ostensivo -e polêmico- de apoio ocorreu mesmo em Jerusalém oriental.
Os três chanceleres europeus e Marín foram à Casa do Oriente para conversar com Faiçal Husseini, o homem de Iasser Arafat para o leste de Jerusalém.
A Casa do Oriente é uma espécie de escritório palestino em Jerusalém oriental.
Israel prefere considerá-la um anódino "centro comunitário", para evitar reconhecer uma presença formal dos palestinos, por mínima que seja, em Jerusalém oriental, reivindicada pelos israelenses como capital.
Israel não aceita dividir a cidade de 3.000 anos com os palestinos.
Aliás, o governo israelense aproveita o baixo comparecimento dos eleitores palestinos em Jerusalém oriental para reafirmar sua posição sobre a cidade.
"É uma prova de que a maioria dos palestinos quer continuar com Jerusalém unificada e sob controle de Israel", disse o ministro da Defesa de Israel, Moshe Shahal.
Os palestinos apontam o policiamento excessivo e intimidador como causa do baixo comparecimento na cidade, além da ameaça, feita pela extrema direita, de que os palestinos que votassem perderiam a cédula de identidade de Israel.
(CR)

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