São Paulo, terça-feira, 23 de janeiro de 1996
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Desafios para o leitor

Entre as boas intenções dos que gostariam de ver as novas gerações lendo mais e a realidade de preços do mercado editorial brasileiro parece haver ainda uma razoável distância a ser percorrida. Pesquisa encomendada pela Câmara Brasileira do Livro revela que em 95 os livros saíram das editoras a um preço unitário, em dólar, 36% maior que o de 94. Como seria de esperar, o aumento no consumo foi inferior: as livrarias venderam em 95 12,3% a mais que em 94.
Em princípio são compreensíveis as dificuldades que o setor enfrenta. O Sindicato Nacional dos Editores de Livro acusa um aumento, em dois anos, de 100% no custo do papel e o reajuste de 30% na remuneração da mão-de-obra das gráficas.
Outros vinculam o encarecimento do livro também aos juros bancários exorbitantes, bem como à crescente demanda dos consumidores por produtos de melhor qualidade gráfica. Deve-se acrescentar que, sendo a leitura prática ainda limitada no país, é natural que as tiragens não possam ser elevadas -o que também encarece o produto.
Porém é preciso indagar em que medida tanto as editoras quanto as livrarias não estariam praticando preços abusivos, com efeitos altamente inibidores sobre esse público leitor tradicionalmente reduzido.
Cria-se assim um grave círculo vicioso, de inquietantes efeitos na população: sendo ainda restrito o público leitor, as tiragens diminuem, os preços sobem, e os consumidores se retraem ainda mais. Os mais jovens, sobretudo de baixa renda e pouco afeitos à leitura, é que saem perdendo mais.

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