São Paulo, quarta-feira, 24 de janeiro de 1996
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PF vai apurar suspeita de ligação com tráfico

DA SUCURSAL DO RIO

O procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, requisitou ao diretor do DPF (Departamento de Polícia Federal), Vicente Chelotti, a abertura de inquérito para apurar a suposta ligação entre o narcotráfico e lideranças da Igreja Universal do Reino de Deus.
O inquérito será aberto pela superintendência da PF no Rio, onde já se investiga a acusação de prática de formação de quadrilha, evasão de divisas e sonegação fiscal pela cúpula da Universal.
Em ofício enviado ao delegado federal Matheus Casado Martins, o diretor do DPF determina a abertura de inquérito caso a acusação de envolvimento com narcotráfico não esteja sendo investigada.
O inquérito conduzido por Martins desde dezembro não investiga a suposta ligação entre dirigentes da Universal e narcotraficantes.
O delegado federal concentra suas apurações na busca de provas para supostos crimes tributários cometidos por dirigentes da igreja.
Na argumentação enviada a Chelotti, o procurador-geral da República recomenda atenção especial "em relação aos recursos utilizados na aquisição da televisão Record" pela Universal.
Dissidente da Universal, o pastor Carlos Magno de Miranda acusa o bispo Edir Macedo -fundador e principal líder da Universal- de ter comprado a Record com dinheiro recolhido junto a traficantes colombianos.
Segundo Miranda, Macedo foi à Colômbia para pegar o dinheiro supostamente cedido por traficantes internacionais de cocaína.
O advogado da Universal, Arthur Lavigne, disse ontem à Folha que a igreja já foi investigada sob a mesma acusação em inquérito aberto em São Paulo em 1991.
Segundo Lavigne, o inquérito (número 2-0255/91), aberto pela PF em São Paulo, resultou em processo (número 910101357) na 4ª Vara Federal no Estado.
"Não deu em nada nem inquérito nem processo. Não se chegou a conclusão alguma."
Uma equipe do BC (Banco Central) trabalhará na agência do BCM (Banco Crédito Metropolitano) no Rio em busca de documentos para investigar a acusação de evasão de divisas pela igreja.
Parte dos documentos do BCM -banco controlado pela Universal- foram lacrados durante o cumprimento de mandado de busca e apreensão expedido na semana passada pela 25ª Vara Federal no Rio de Janeiro.
Os documentos não podem ser retirados da agência porque podem revelar o sigilo bancário de correntistas que não são ligados à Universal.

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