São Paulo, quarta-feira, 24 de janeiro de 1996
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Brasil quer tecnologia nuclear dos indianos

VINICIUS TORRES FREIRE
ENVIADO ESPECIAL A BARCELONA

O Brasil negocia há três meses com a Índia um protocolo de cooperação na área de energia nuclear. O objetivo das negociações é a troca de tecnologia e equipamentos nas áreas de segurança de usinas nucleares, conservação de alimentos com radiação e proteção contra acidentes radioativos.
A informação é do secretário de Assuntos Estratégicos, Ronaldo Sardenberg, que coordena a política nuclear brasileira.
O secretário disse também que a usina nuclear de Angra 2 deve entrar em funcionamento no final do governo FHC ou no início do próximo governo. A obra será concluída com dinheiro do Estado e créditos alemães.
Sardenberg falou à Folha durante a visita do presidente Fernando Henrique Cardoso a Barcelona (Espanha). FHC chegou à cidade na noite de segunda-feira e embarcou ontem para a Índia, na sua 16ª viagem ao exterior.
Sardenberg disse que os acordos com a Índia não haviam sido divulgados porque as negociações ainda estão em andamento. O secretário negou que o segredo se devesse ao temor de que a comunidade internacional suspeitasse de uma possível troca de tecnologia nuclear de uso militar.
Embora o negue, sabe-se que a Índia detém a tecnologia de fabricação da bomba nuclear. O Brasil tinha acordo com os indianos nessa área, firmado em 68 e suspenso depois que se suspeitou que a Índia desenvolvia sua bomba.
Os acordos agora negociados seriam comerciais e científicos. Segundo Sardenberg, o Brasil pretende vender aos indianos equipamentos de segurança fabricados pela Nuclep, no Rio de Janeiro.
O Instituto de Proteção Radiológica, também do Rio, pretende aprender com os indianos técnicas para evitar acidentes radiativos.
O presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear, José Mauro Esteves Barros, está na Índia negociando acordos nesta área.
A visita de FHC a Barcelona não foi oficial. Segundo seus assessores, tratou-se apenas de uma "escala técnica". O presidente não falou por mais de cinco minutos com os jornalistas e não fez comentários sobre política interna.
FHC visitou na manhã de ontem a Vila Olímpica da cidade, que sediou os jogos em 1992, e as obras de reurbanização da zona portuária. Ainda pela manhã, foi ao Museu de Arte Contemporânea. À tarde, visitou o Museu de Arte Nacional da Catalunha.

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