São Paulo, quarta-feira, 24 de janeiro de 1996 |
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"Prisioneiros Esquecidos" mostra trabalho da Anistia Internacional
MARILENE FELINTO
Mas houve erro na condução deste "Prisioneiros Esquecidos", baseado em seus arquivos, que não se define entre o documentário e a ficção. O que seria um drama policial carece de ação que sustente a narrativa. O que seria documento político se perde na falta de informação mais detalhada. Até mesmo os atores, com exceção da dupla central, Ron Silver e Hector Elizondo, não passam de amadores ou meros figurantes. Um funcionário da Anistia, o advogado americano Jordan Ford, é destacado para investigar a prisão e o desaparecimento de 17 turcos acusados de crime contra a democracia, supostos membros de grupo esquerdista. O filme mostra a aventura de Ford para descobrir o paradeiro dos presos e provar que estão sendo barbaramente torturados. Em sua busca, o funcionário corre atrás de informantes e autoridades, peregrina pela Turquia, vai de órgãos públicos a aldeias onde se escondem sobreviventes. Faz de tudo, na incansável tentativa de quebrar a resistência de um sistema obtuso e corrupto. A todo momento intercalam-se cenas de tortura de presos com as peripécias vividas pelo advogado da Anistia. Cria-se o contraste entre a imobilidade gerada pelo pavor e a movimentação que se origina da busca por justiça. O auge da história é o surgimento de um policial torturador arrependido. Com a gravação de seu depoimento, o funcionário da Anistia consegue convencer o ministro da Justiça turco de que os presos estão sendo torturados. Qualquer semelhança ou é mera coincidência ou foi intencional -no início dos anos 90 houve caso semelhante na Turquia. Começou com o assassinato de separatistas curdos do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK). Pouco tempo depois, dois outros militantes do PKK, Mehmet Yalçinkaya e Huseyin Eroglu, morreram em greve de fome na prisão de Aydin. Intensos protestos da Liga de Direitos Humanos e dos movimentos internacionais de direitos civis forçaram o ministro da Justiça a ordenar a revisão das normas de encarceramento. A maior curiosidade desse filme é ver como atua um funcionário da Anistia, espécie de 007 real, culto, imbuído de espírito de justiça e crença em métodos de não-violência, inteiramente dedicado a sua tarefa louvável, ainda que utópica. Vídeo: Prisioneiros Esquecidos Direção: Robert Greenwald Elenco: Ron Silver, Hector Elizondo Distribuição: LK-Tel (tel. 011/825-5766) Texto Anterior: Baixarias viram filosofia em 'O Balconista' Próximo Texto: "O Perfume de Yvonne" confunde drama com vulgaridade publicitária Índice |
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