São Paulo, quarta-feira, 24 de janeiro de 1996
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k.d. foge da ortodoxia 'caipira'

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REDAÇÃO

A cantora e compositora k.d. lang é um dos exemplos mais completos de fuga da ortodoxia "caipira" rumo ao pop.
Começou sua carreira discográfica em 1984 e, até o quarto disco ("Absolutely Torch and Twang", de 1989) manteve-se rigorosamente fiel às raízes country, aprendidas na matriz com a música da precursora Patsy Cline. Gravou Willie Nelson e Chris Isaak e cantou com as estrelas country Brenda Lee, Loretta Lynn e Kitty Wells.
A partir de "Ingénue" (92), sua voz encorpada passou a flertar com as baladas pop, ainda impregnadas de guitarras country, pedal steel, banjos e acordeões.
Em "Even Cowgirls Get the Blues" (93), trilha do filme homônimo de Gus Van Sant, exercitou sua militância homossexual e flertou de perto com gêneros pop, com ecos de disco e dance music.
"All You Can Eat" aprofunda a tendência. O country, em k.d., é cada vez mais implícito, refugiado no subtexto de cada canção.
Os temas pop são intensificados em melodias aderentes e refrões poderosos, como em "If I Were You" (em que sonha ser "a rainha da popularidade"), "Maybe" e "Sexuality". A dramaticidade se impõe nas épicas "Acquiesce" e "Infinite and Unforeseen".
A ampliação de horizontes se faz perceber em coros roqueiros -"Get Some"-, em introduções à ex-Prince -"World of Love"-, em pop sacudido, quase dançante -"I Want It All". Na construção sonora de cada canção, o cimento country ainda se revela, em violas, violões, cordas adicionais. Mas há, por outro lado, programações, sintetizadores, órgãos.
k.d. toma para si a iniciativa de arejar o tradicionalismo country, a ponto de se deixar rotular de "pop". E soa country, muito country. No melhor e mais puro sentido -pop até a medula.
(PAS)

Disco: All You Can Eat
Artista: k.d. lang
Lançamento: Sire/Warner
Quanto: R$ 20, em média

O endereço na Internet do fã-clube de k.d. lang é http://infohouse.com/obviousgossip/

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