São Paulo, quarta-feira, 24 de janeiro de 1996 |
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Decoração de sala 'reivindica' Jerusalém
CLÓVIS ROSSI
A parte oriental da cidade de 3.000 anos é reivindicada pelos palestinos como capital, e, como se quisesse enfatizar tal reivindicação, Arafat mantém na parede de sua sala de visitas uma enorme foto de Jerusalém, com a cúpula dourada da mesquita de Al Aqsa, a terceira mais sagrada do mundo muçulmano, no horizonte. Foi sob a foto de Jerusalém que Sobel e Arafat conversaram. O líder palestino fez questão de dizer que, na sua sala de trabalho, bem ao lado, havia inscrições das três religiões que cultuam Jerusalém: da Torá, judaica, do Alcorão, muçulmano, e da Bíblia, cristã. "Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade", reproduziu Arafat o conteúdo das inscrições para seus visitantes, entre os quais mais dois judeus. Seymour Kopelowitz (da comunidade judaica sul-africana) chegou a sugerir que Arafat convidasse a seleção sul-africana de futebol para jogar no território palestino. Arafat preferiu falar de Nelson Mandela, o presidente sul-africano. "Ele me telefonou e perguntou se viria primeiro me visitar ou se eu iria primeiro. Disse a ele que viesse", contou. O outro judeu, Mitchell Danow (Agência Telegráfica Judaica, de Nova York, que prepara notícias para a mídia da comunidade), fotografou o encontro. Ao final, Sobel entregou a Arafat um presente: um broche na forma de pomba da paz. "As asas são na verdade duas mãos, a mão israelense e a mão palestina. Que a pomba possa voar", disse. E fixou o broche no bolso esquerdo do uniforme de Arafat, já enfeitado pela bandeira palestina. Em troca, Arafat deu a Sobel uma caixa com tampa de madrepérola, feita artesanalmente em Belém, uma das seis cidades devolvidas por Israel aos palestinos nos termos do acordo de paz. O presidente da ANP brinca: "O prejuízo é seu porque agora você tem de encher a caixa com jóias para a sua mulher". Terminado o encontro, Arafat acompanha os visitantes até a porta de seu quartel-general e troca de novo beijos no rosto com Sobel. No carro, indo para Jerusalém, o rabino explica a visita: "As democracias têm uma tendência geral, histórica, de apoiar os acordos de paz. Por isso, acho que a eleição de sábado é o começo de um novo capítulo na história do Oriente Médio". (CR) Texto Anterior: Rabino paulista abençoa Arafat e reza junto com ele Próximo Texto: Líder palestino recusa volta Índice |
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