São Paulo, quinta-feira, 25 de janeiro de 1996
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Dimensões e pretensões

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Para o presidente, seriam "os países continentais, os grandes blocos geográficos" -na descrição dada ontem pela cobertura- os que merecem uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU.
Fernando Henrique lembrou de cinco, nas palavras dele, "pelas suas dimensões".
Estados Unidos e Rússia, que não compara diretamente aos demais, e a frente única de China, Índia e Brasil, os três às voltas com a miséria e com o subdesenvolvimento.
Uma espécie de G-3, os três gigantes pela própria natureza -e pelos problemas.
Na última viagem, Fernando Henrique conseguiu da China, que já faz parte do Conselho, o apoio à postulação do Brasil. Agora é o Brasil quem dá apoio à postulação da Índia. Talvez consiga o inverso.
Aos demais, nem palavra.
A Argentina, por exemplo. O presidente brasileiro garante, "não temos nenhuma pretensão hegemônica", por aqui.
Mas é certo que a Argentina, até "pelas suas dimensões", não é nenhum país continental, nenhum grande bloco.
(Aliás, o Brasil, em relação à população, também não vem a ser nenhuma Índia.)
Não é censura
Clinton, amigo e modelo de Fernando Henrique, passou um mau bocado no discurso sobre o "estado da união", mostrado na CNN e na C-Span.
Um mau bocado, sobretudo diante da resposta agressiva de Bob Dole quanto ao "grande governo". Mas o discurso de uma hora teve outros pontos, de igual interesse.
Quanto à televisão, é bom registrar, em meio à exaltação dos "valores" e da "família", a preocupação do presidente americano com os excessos da programação.
Ele disse ao Congresso que deve cuidar para ter "filmes e shows de televisão que vocês gostariam que os seus filhos e netos apreciassem".
Defendeu a exigência, em lei, de que os aparelhos de TV tenham um mecanismo de corte "que ajude os pais a tirar o que acreditam ser impróprio".
Falando ao país, chamou os "líderes das corporações de mídia" à Casa Branca, para "trabalhar em meios concretas de melhorar o que as crianças vêem na televisão".
E "isso não é censura".
E Bill Clinton, acredite, é o candidato liberal.

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