São Paulo, quinta-feira, 25 de janeiro de 1996
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Brasil apóia Índia no Conselho de Segurança

GILBERTO DIMENSTEIN
DO ENVIADO ESPECIAL A NOVA DÉLI

O presidente Fernando Henrique Cardoso apoiou a pretensão da Índia de entrar no Conselho de Segurança da ONU, mas ao mesmo tempo mostrou-se discreto em relação às pretensões brasileiras para esse cargo, obsessivamente perseguido pelo Itamaraty.
A cautela do presidente se destina a evitar fissuras na América Latina, em particular com o México, também interessado na vaga.
"Não temos pretensões hegemônicas", ressaltou o presidente. Segundo ele, Índia e Brasil concordam que a ONU deve passar por uma reforma a fim de aumentar sua representatividade. Entre essas reformas estaria a ampliação do Conselho de Segurança.
Por trás desse projeto está a concepção de que, com o fim da guerra fria, emergiu apenas uma potência, valorizando o que se convencionou chamar de "países-baleias" -aqueles que são lideranças em suas regiões: Brasil na América do Sul, África do Sul abaixo do Saara, a Índia no sul da Ásia e assim por diante.
A paz do mundo dependeria, em parte, do acerto entre essas "baleias", o que daria maior força à ONU em suas operações de paz.
Esse tema, entretanto, é apenas uma intenção, já que envolve complexos conflitos regionais, mas delineiam o perfil da diplomacia brasileira, voltada a alargar diálogos com países com o mesmo perfil da Índia e da China -grandes territórios com grandes populações, enfrentando o desafio da globalização e da pobreza.
Apesar do esforço dos diplomatas em mostrar acordos com a Índia, a visita é essencialmente simbólica, para formar uma aproximação com um dos "países-baleia", que possui um mercado promissor, capaz de absorver importações ou de contratar serviços (de engenharia, por exemplo).
A viagem encerra uma pendência: desde a visita de Indira Gandhi ao Brasil, ainda no início do regime militar, não houve retribuição do governo brasileiro.
(GD)

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