São Paulo, quinta-feira, 25 de janeiro de 1996 |
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Pesquisa critica 'milagres' da melatonina
DA REPORTAGEM LOCAL Os efeitos benéficos da melatonina, hormônio produzido naturalmente pelo organismo e vendido livremente nos EUA como "cura para todos os males", são exagerados pelos próprios cientistas, diz estudo na revista "Nature".Para o neurobiólogo Fred Turek, da Northwestern University (EUA), autor do estudo, pesquisadores passaram a divulgar a melatonina como a "droga do século", mesmo sabendo que não há resultados conclusivos em humanos. Segundo ele, foram omitidos estudos que desfavoreceriam a prescrição e venda do hormônio. O pesquisador afirma que "os cientistas exageraram resultados de uns poucos estudos selecionados, e o público recebe pontos de vista potencialmente perigosos". A melatonina, hormônio produzido em animais por uma glândula no cérebro chamada pineal, regula o ritmo do corpo, que varia não só do dia para a noite, mas também de acordo com a estação do ano. A luz do dia, dizem pesquisadores, inibiria a produção de melatonina, que só é verificada à noite e estaria ligada ao sono. Com base na idéia de que a melatonina seria um "relógio" que regula o passar do tempo, livros chegaram a divulgar que, mantendo níveis altos do hormônio, seria possível manter a juventude. Segundo o estudo publicado hoje, é verdade que a quantidade de melatonina no corpo tende a cair com a idade, mas isso também vale para outros hormônios -nem por isso "fontes da juventude". Segundo o artigo, a melatonina também é divulgada como droga auxiliar e mesmo cura para doenças como mal de Alzheimer, Aids, diabetes, doenças cardíacas. "Nenhum estudo determinou os efeitos da melatonina sobre doenças cardíacas em humanos", escreveu Turek. Ele chega a citar um livro afirmando que a melatonina aumenta a libido. Segundo o cientista, os autores omitem o fato de alguns tratamentos feitos com o hormônio em animais são associados a uma atrofia dos ovários e testículos. Livros que colocam a melatonina como droga que retarda o envelhecimento omitem que alguns estudos usaram cobaias com defeitos genéticos que impediam a produção de melatonina, diz Turek. Texto Anterior: TRF ordena que PF devolva documentos Próximo Texto: Aquecimento gerou iceberg, diz estudo Índice |
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