São Paulo, quinta-feira, 25 de janeiro de 1996
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Queda no poder aquisitivo

Como era de esperar, a queda do salário médio real dos assalariados da Grande São Paulo, segundo dados da fundação Seade e do Dieese, veio acompanhando a desaceleração da economia. Esse índice atingiu um pico em fevereiro de 95 e passou a cair de maneira consistente até novembro, último dado disponível. De fato, foi em março que, em meio à turbulência causada pela crise mexicana e a tentativa inábil de alterar a banda cambial, o BC brasileiro elevou fortemente os juros e restringiu o crédito, promovendo a desaceleração.
Cabe lembrar, porém, que os dados do Seade-Dieese comparam apenas os valores dos rendimentos no momento em que são recebidos. Não consideram portanto o ganho que os assalariados tiveram com a queda da inflação, que reduziu drasticamente a corrosão dos salários ao longo de cada mês.
Isso talvez ajude a explicar por que, apesar do índice de rendimento em novembro de 95 ser inferior ao do mesmo mês dos últimos dez anos, o governo mantém um nível de aprovação de 41%, segundo pesquisa Datafolha realizada em dezembro passado.
Na comparação com períodos de inflação alta, o poder aquisitivo dos assalariados goza de um benefício não captado pelo Seade-Dieese.
A recente perda de poder aquisitivo constatada em São Paulo faz mais uma vez indagar se a freada imposta ao setor produtivo não foi além do necessário. Os custos, com certeza, têm sido altos.

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