São Paulo, quinta-feira, 25 de janeiro de 1996
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Abuso de poder

Há indícios de que a Igreja Universal do Reino de Deus -ou pelo menos alguns de seus membros- está envolvida em atividades ilegais. É dever, portanto, do poder público investigar essas ações e punir os que se revelarem culpados.
A conduta do Ministério Público Federal, porém, no inquérito que investiga práticas de sonegação fiscal, evasão de divisas e formação de quadrilhas por lideranças e empresas ligadas à igreja no Rio de Janeiro, parece estar escapando aos ditames da boa Justiça.
Representantes do MP determinaram à superintendência fluminense da PF que colha depoimentos de nada mais e nada menos que todos os pastores dos 386 templos da Universal no Estado.
Sem especificar os suspeitos como exige o reto Direito, o pedido de tão numerosos depoimentos -cuja coleta é aparentemente inexequível- parece pressupor que todos os membros da igreja estão envolvidos com os ilícitos que se deseja apurar. Mesmo que isso seja verdade, é preciso que existam indícios razoáveis do envolvimento de alguém com um crime para exigir um depoimento. Coloca-se assim sob suspeita não apenas um ou outro procedimento irregular, mas a própria existência da igreja.
Em que pese a imperiosa necessidade de que sejam apuradas as suspeitas de irregularidades nas atividades da Universal, a resolução do MP corre o risco de ir além do rigor desejado para esses casos e assim incorrer na pura e simples prática de intolerância religiosa.

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