São Paulo, quinta-feira, 25 de janeiro de 1996
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Distribuição de renda favorece chineses

CLAUDIO GARON
DA REPORTAGEM LOCAL

A tensão étnica marca a história da Malásia desde a segunda metade do século 19, quando grande número de imigrantes chineses começou a se estabelecer na região.
Os descendentes desses imigrantes representam hoje 30% dos malasianos, mas controlam 38% do setor privado da economia.
Já os malaios, 61% da população, controlam a política e tentam reverter a situação econômica. Sua participação na economia equivale a 18,2% do setor privado.
Na década de 1970 foi instaurada a Nova Política Econômica, com o objetivo de redistribuir, em favor dos malaios, 30% da riqueza do país. Para isso, o governo investiu em educação e obrigou empresas a contratarem nativos se quisessem obter contratos oficiais.
Mas uma análise do universo empresarial malasiano demonstra o relativo fracasso da proposta.
A soma dos bens do mais rico deles, Lim Goh Tong (US$ 5,2 bilhões), supera a dos três malaios da lista juntos, Halim Saad, Rashid Hussain e Tajudin Ramli (US$ 4,4 bilhões).
Mais do que isso, dos sete sino-malasianos da lista, apenas três são de famílias que formaram seu patrimônio antes dos anos 70.
Outro indicativo da preponderância chinesa no país é o fato de eles controlarem 90% das 130 pequenas e médias empresas listadas na Bolsa de Kuala Lumpur.
Segundo a revista "Far Eastern Economic Review", os empresários chineses sempre se mantiveram à frente da NPE.
A participação dos chineses na economia deve se manter com a troca da NPE pela Política Nacional de Desenvolvimento do premiê Mahathir Mohamad. Nela, os objetivos numéricos foram abandonados a favor de linhas gerais.
"A PND foi uma grande concessão aos não malaios", diz Zainal Aznam Yussof, do Instituto de Estudos Estratégicos e Internacionais de Kuala Lumpur.
A Nova Política Econômica foi introduzida na Malásia em 1970, depois dos violentos distúrbios raciais de 13 de maio de 1969.
Na ocasião, a oposição dominada por sino-malasianos cresceu eleitoralmente às custas dos partidos situacionistas malaios.
Em seguida, o Parlamento foi suspenso e o Conselho Nacional de Operações governou com poderes de emergência por dois anos.
Seu sucesso deve-se essencialmente ao crescimento da economia malasiana, cerca de 7,5% ao ano desde os anos 70.
Na recessão de meados da década de 1980, as relações raciais se deterioraram e forçaram o governo a suspender as regras de igualdade no controle de companhias, emprego e investimento estrangeiro para estimular a economia.
Números do governo indicam que os malaios cresceram sua participação no setor privado de 2% (1970) para 18,2%. Já os sino-malasianos cresceram menos, de 25% para 38%. Nos dois casos, o aumento deu-se às custas do capital estrangeiro, que de 70% da economia em 1970 caiu para 32%.
Os indianos, 8% da população, controlam apenas da economia (contra 1,1% em 1970) e dois terços deles vivem abaixo da linha da pobreza.

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