São Paulo, sexta-feira, 26 de janeiro de 1996
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Maluf chama médicos de vagabundos

CLAUDIO AUGUSTO; ROGERIO WASSERMANN
DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito de São Paulo, Paulo Maluf (PPB), disse ontem depois da solenidade em comemoração aos 442 anos da cidade que os médicos que se opõem ao PAS (Plano de Atendimento à Saúde) são "vagabundos e contra os pobres" (leia entrevista abaixo).
Anteontem, o TJ (Tribunal de Justiça) suspendeu a implantação do plano em São Paulo, a pedido dos médicos. A prefeitura vai tentar derrubar a liminar.
Para o prefeito, a decisão provisória do TJ marca a vitória do corporativismo dos médicos, que "querem ganhar sem trabalhar".
Representantes das entidades médicas que são contra o PAS disseram que os ataques do prefeito têm como objetivo desviar a atenção da questão central -supostas inconstitucionalidades na implantação do plano.
O PAS, aprovado no segundo semestre do ano passado pela Câmara dos Vereadores, prevê a transferência dos hospitais da prefeitura para o controle de cooperativas de médicos e funcionários licenciados do serviço público.
Os cooperados deixam de receber salários da prefeitura.
Para administrar os hospitais, as cooperativas receberiam da prefeitura R$ 10 por mês por morador cadastrado.
Depois de descontadas todas as despesas, os médicos e funcionários rateariam o que sobrasse do repasse da prefeitura.
Apenas quem comprovar que mora em São Paulo pode se cadastrar no PAS. O cadastramento garante o direito de atendimento ambulatorial.
Para o Sindicato dos Médicos de São Paulo e o CRM (Conselho Regional de Medicina), isso fere o direito de acesso universal à saúde previsto na Constituição Federal.
Mas não foi por isso que o TJ concedeu liminar para o sindicato, o CRM e a Federação Nacional dos Médicos.
As entidades alegaram, entre outras coisas, que a lei que criou o PAS não prevê licitações para escolher as cooperativas e discrimina os servidores que não aderirem ao plano. Eles estão sendo transferidos para outras unidades.
Para evitar que os servidores entrem com uma avalanche de ações contra a prefeitura, o presidente do TJ, Yussef Said Cahali, suspendeu a assinatura de novos convênios entre as cooperativas e a prefeitura. Em tese, isso evita a transferência dos servidores.
A liminar concedida pelo presidente do tribunal pode ser cassada pelos demais desembargadores do TJ. É isso que a prefeitura vai tentar. O órgão especial do TJ reúne os desembargadores mais antigos do tribunal, que podem manter ou não a decisão do presidente.

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Sobre o PAS à pág. 3

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