São Paulo, sábado, 27 de janeiro de 1996
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Líder pede 'filtro' à ação de senadores

RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O líder do governo no Senado, Elcio Alvares (PFL-ES), vai propor ao presidente Fernando Henrique Cardoso mudança na atuação dos líderes dos partidos que apóiam o governo no Senado. A idéia é que os líderes funcionem como "miniarticuladores políticos do presidente".
Álvares defende que as lideranças partidárias "filtrem" as reivindicações dos senadores, que hoje são levadas diretamente ao presidente. "Os líderes têm de ser mais usados e o presidente mais poupado", afirmou o senador.
Alvares negou que esteja fazendo defesa em causa própria, já que não prega o fortalecimento do líder do governo, mas apenas dos partidários.
Segundo ele, seu papel continuaria o mesmo: defender a posição do governo nas votações, fazer avaliações políticas e "costurar" assuntos de interesse do Planalto.
O líder do PPB no Senado, Epitácio Cafeteira (MA), ilustra a situação de FHC comparando o governo a um jogo de futebol. "O goleiro não defende falta sem que os jogadores do seu time façam barreira. E aqui o presidente não tem barreira. O tiro é direto."
Alvares concorda. Para ele, qualquer problema na base governista tem "impacto direto no Planalto" por falta de articuladores políticos no Congresso.
O líder do PFL, Hugo Napoleão (PI), também acha que a função precisa ser fortalecida no Senado. Mas teme que o presidente "feche portas" aos senadores.
Na Câmara, o líder partidário tem mais poder. Como são 513 deputados, muitos sem expressão política, eles acabam recorrendo, primeiro, à liderança do partido.
Já no Senado, a situação é outra. A maioria dos 81 senadores foi ministro de Estado ou governador e não se submete à intermediação de um colega para solucionar problemas do Estado.

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