São Paulo, sábado, 27 de janeiro de 1996 |
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'Papai, daqui eu saio ou formado ou morto'
DA SUCURSAL DO RIO O industriário aposentado Eduardo Baptista Agostinho, 52, disse à Folha que há um ano tentou convencer o filho mais velho, Eduardo Ferreira Agostinho, a abandonar o Colégio Naval.O motivo da frustrada tentativa teria sido o fato de o rapaz voltar de Angra dos Reis (sede do colégio, a 150 km do Rio) com escoriações e hematomas. Como resposta, Agostinho teria ouvido do filho a frase que soa como profecia: "Papai, daqui eu saio ou formado ou morto". Agostinho disse que vai processar a Marinha, onde serviu no posto de soldado entre 61 e 65. * Folha - O que a família pretende fazer sobre o caso? Eduardo Agostinho - Primeiro vamos aguardar o IML (Instituto Médico Legal) preparar o laudo da morte. Depois vamos à Justiça. Folha - Como será essa ação? Agostinho - Acionaremos a Marinha não com fins lucrativos, mas com o único objetivo de fazer justiça, punir os responsáveis e impedir que outros pais passem por sofrimento como o nosso. Folha - Seu filho já havia se queixado de maus tratos na Marinha? Agostinho - No ano passado eu sugeri que ele desse baixa. Folha - Por que? Agostinho - Ele costumava aparecer em casa com as mãos e pés esfolados, manchas arroxeadas pelo corpo. Ele não falava nada, mas a gente desconfiava. Disse a ele que, se quisesse deixar o Colégio Naval, teria o apoio da família. Folha - Qual foi a reação do rapaz? Agostinho - Ele levava a sério a vida militar. Era um homem de desafios. Ele disse: "Papai, daqui eu saio ou formado ou morto". Folha - O sr. já conversou com os pais de outros alunos sobre o que está acontecendo na Escola Naval? Agostinho - Alguns poucos. Todos os telefones estão na agenda de meu filho, na Escola Naval. Texto Anterior: Escola Naval pode ter evasão após morte Próximo Texto: Árvore cai em cima de casa de aposentada em SP Índice |
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