São Paulo, sábado, 27 de janeiro de 1996 |
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O trampolim
MAURO TAGLIAFERRI Há cerca de um ano, Carlo Gancia contava num salão do luxuoso hotel Maksoud Plaza, em São Paulo, que a equipe de F-1 à qual se associara, a Forti Corse, seria, a princípio, "uma espécie de trampolim para jovens pilotos" dentro da categoria.Logo de cara, Gancia resolveu impulsionar a carreira de Pedro Paulo Diniz. Em troca, o piloto arrecadou, junto aos fornecedores da rede Pão de Açúcar, de sua família, cerca de 90% do orçamento da equipe para 95. Deu certo. Mesmo amargando as últimas posições do grid e das corridas durante todo o ano, tanto Diniz quanto Gancia atingiram o objetivo que tinham ao se unir: ambos sobreviveram na F-1. Agora, veio a separação. Na próxima segunda-feira, Diniz será oficialmente apresentado como piloto da Ligier. Ontem mesmo, ele fazia o "shake down" do novo carro da escuderia, na França. Já Gancia é dono de duas das três vagas restantes na categoria, o que valoriza os assentos de seus carros. Vai haver leilão, lógico. Só que, mais que a separação, chegou a hora da verdade para Diniz e Gancia. Ninguém vai cobrar vitórias de nenhum dos dois, mas ambos terão de dar claras mostras de evolução, sob o risco de não haver um feliz 1997 para eles. Já não haverá mais o discurso dos estreantes, que estão lutando contra as dificuldades -e, justiça seja feita, o projeto do carro da Forti que começou o campeonato era totalmente equivocado, o que atrapalhou muito a equipe- e aprendendo lições. Se não vier um avanço, o discurso será o da derrota. E, aí, Diniz jamais se livrará do estigma de "filhinho de papai" que só corre porque tem dinheiro. E Gancia, em vez de trampolim, poderá ser conhecido como trampolineiro. * Por falar em impulso financeiro, Ricardo Rosset já admitiu que contribui em cerca de US$ 3,5 milhões com a Arrows. Por enquanto, o único brasileiro que não paga para correr -já que Diniz vai colaborar com a Ligier- é Rubens Barrichello. Ainda assim, o corredor da Jordan quer levar dinheiro para sua escuderia e conversa com algumas multinacionais em busca de apoio. Barrichello não tem obrigação de arrecadar fundos para a equipe. Mas, como faltou dinheiro na Jordan em 95, não custa tentar ajudar. José Henrique Mariante, em férias, volta a escrever a coluna a partir de 10 de fevereiro Texto Anterior: Paulista sim, mas com sotaque carioca Próximo Texto: Notas Índice |
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