São Paulo, sábado, 27 de janeiro de 1996
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EUA bancam espetáculo de Lacaz

KATIA CANTON
FREE-LANCER PARA A FOLHA

O artista e arquiteto Guto Lacaz Lacaz prepara sua nova performance para a Fundação Guggenheim, de Nova York. O espetáculo deverá ser apresentado em agosto próximo.
O artista foi premiado com a bolsa Guggenheim, de U$ 24 mil, há um ano e meio. Agora prepara seu espetáculo, juntando máscaras, bicicletas velhas, tubos que jorram água, ganchos de plástico e outros aparatos.
Criada em 1922, a fundação é o órgão de maior credibilidade internacional na premiação de projetos artísticos, destinados tanto a norte-americanos como a latinos.
Em outubro de 95, ao saber da premiação, Lacaz resolveu ir, pela primeira vez, a Nova York. "Fui conhecer a cidade e a fundação e aproveitei para comprar gadgets, equipamentos baratos, como canos, tubos", diz ele.
Lacaz começou a fazer performances em 1978, no MIS (Museu de Imagem e do Som), em São Paulo, com a exposição "Objeto Inusitado".
"Havia uma onda de performance no final dos anos 70. Ivald Granato cercava ambientes com plástico e ficava gritando frases escatológicas. Aguilar tocava piano com luvas de boxe. Não gostava de tudo que via, mas fiquei mordido pelo palco", diz Lacaz.
Foi na performance Band-Aid, de Granato, que Lacaz fez uma aparição decisiva: entrou de avental, carregando uma bandeja-toca-discos, que cantarolava um hally-gally.
Agradou tanto que, na 18ª Bienal de Artes de São Paulo, em 1982, foi convidado a apresentar seu "Eletro Performance".
Em 1992, ao lado de F. Javier, Lacaz estreou o espetáculo "Máquinas e Motores na Sociedade", conjunto de 12 performances construídas a partir das interferências que fazia nos programas televisivos de Sergio Groissman.
"O projeto atual de performance é uma continuação do 'Máquinas e Motores'. Só que os objetos são outros", explica ele.
Entre as novidades já escolhidas para a nova performance, está "Carlos, o Robô do Terceiro Milênio", um "personagem" que o artista criou com a ajuda de uma máscara e um "braço de capitão Gancho".
"Básico de sentimentos", o robô solta fogo quando sente prazer e esguicha água quando zangado.
Outra cena já decidida pelo artista é uma esteira rolante de ginástica que, utilizada, "canta" "Garota de Ipanema".
O espetáculo vai ter também a presença de uma bicicleta que, em movimento, projeta imagens luminosas.

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