São Paulo, domingo, 28 de janeiro de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
FHC defende a redução dos encargos trabalhistas
GILBERTO DIMENSTEIN
"O atual sistema de proteção apenas vai estimular o desemprego", disse em palestra no Centro Internacional Indiano, ao expor sua receita para países pobres enfrentarem a globalização. Junto com o alívio do custo do trabalhador, caberia ao governo ligar a geração de empregos a concessão de créditos pelos bancos estaduais, redução de impostos, treinamento profissional. Os trabalhadores deveriam negociar nas empresas o "leque mais vasto possível de tópicos" para criar uma flexibilidade: número de horas de trabalho, dias de férias, horas-extras. O empresariado também pagaria ao governo menos impostos trabalhistas. A "ética da solidariedade", segundo ele, é estabelecer uma nova parceria entre Estado e sociedade, a fim de torná-la mais competitiva, encontrando uma saída intermediária entre a economia de mercado e a proteção dos grupos marginalizados, ameaçados pela globalização dos mercados. Nessa parceria, o setor público deveria abandonar o Estado protetor, nos moldes que encantaram toda uma geração de pensadores na Índia e no Brasil, levando a fechamento de fronteiras e a visão de que um país pode ser auto-suficiente, além de uma malha cada vez mais ampla de direitos sociais. Essa crença teve em Mahatma Gandhi seu principal formulador na Índia; e no Brasil, um dos expoentes intelectuais era Fernando Henrique Cardoso que, em seus livros, mostrava-se convencido de um conflito inseparável entre países ao Norte e ao Sul. Ambos os países, agora, querem saber como desfrutam desse mercado mundial. "Os governos não podem fazer tudo", ressalvou FHC. Mas, ao mesmo tempo, não deve deixar o país as leis do mercado. O poder público deve aumentar a autonomia da sociedade, tornando-a menos dependente dos governos. Salário mínimo Posteriormente, em entrevista coletiva, o presidente brasileiro não descartou o aumento do salário mínimo. Afirmou que a decisão ainda está em estudo, já que ela será tomada apenas em maio. FHC voltou a afirmar que, na sua opinião, o mais importante é acabar com a "mentalidade do reajuste", que provoca a inflação. Para ele, o fundamental é aumentar o poder de compra dos salários. Anteontem, o presidente havia destacado que Estados e municípios terão dificuldades para absorver o aumento do salário mínimo. LEIA A íntegra do discurso de FHC à pág. 1-8 Texto Anterior: Polícia do Rio prende traficante foragido desde 94 Próximo Texto: Declaração pede desarmamento Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |