São Paulo, domingo, 28 de janeiro de 1996
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Malária matou dois homens do Exército

RICARDO BONALUME NETO
ESPECIAL PARA A FOLHA

A morte de dois soldados brasileiros por malária em Angola retirou do plano acadêmico uma discussão entre médicos do Exército e da Marinha sobre como agir em relação à mais preocupante doença tropical que as forças de paz enfrentam no país.
O resultado mostra que a Marinha estava certa em fazer profilaxia de seus membros, enquanto a ausência desses cuidados preliminares pelo Exército aumentou em muito os casos da doença em suas fileiras.
A Folha presenciou uma discussão sobre o tema no Posto de Saúde Avançado da Marinha em Huambo, região central de Angola, em dezembro passado. Os médicos da Marinha defendiam o uso profilático da droga mefloquina, a mais indicada para tratar o tipo de parasita causador da doença presente em Angola.
Um médico do Exército colocou dúvidas quanto ao procedimento. A mefloquina pode mascarar a presença do parasita no organismo, além de ter efeitos colaterais, afetando o fígado.
Cada marinheiro ou fuzileiro naval em Angola tomou a primeira dose do profilático uma semana antes de embarcar para a África. Nenhum soldado recebeu oficialmente essa medicação.
Boa parte do problema é culpa das Nações Unidas. O campo de trânsito da ONU em Lobito fica entre duas lagoas, focos do mosquito transmissor da doença.
A maior parte dos casos do Exército acometeu pessoal de Lobito -em certo momento, havia 73 casos nos 119 homens da 2ª Companhia. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda profilaxia em regiões altamente malarígenas, como a maior parte da África ao sul do deserto do Saara. A transmissão é "intensa e perene" em locais abaixo de 1.000 metros de altitude ou com chuvas acima de 2.000 milímetros por ano.

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