São Paulo, domingo, 28 de janeiro de 1996
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Estado-Maior prepara Ministério da Defesa

Militares estudam Forças Armadas de 179 países

RUI NOGUEIRA; AUGUSTO GAZIR; AZIZ FILHO
DAS SUCURSAIS DE BRASÍLIA E DO RIO

A criação do Ministério de Defesa, proposta pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, ainda não passa de um projeto em estudo no Emfa (Estado-Maior das Forças Armadas). São grandes as chances de que a sua implantação seja feita pelo sucessor de Fernando Henrique.
Durante todo o ano de 1995, o Emfa pesquisou o modelo de Forças Armadas adotado em 179 países. Apenas 23 não têm Ministério da Defesa e, destes, só quatro países de expressão militar e econômica constam da lista: Brasil, México, Japão e Líbia.
Até março, o Emfa vai se concentrar no estudo dos modelos básicos, o norte-americano, o francês, inglês e alemão. A partir de março, o Emfa começa a se reunir com as comissões dos ministérios do Exército, Marinha e Aeronáutica para debater as propostas. Não há unidade de pensamento.
Para o conselheiro da ESG Jorge Boaventura, a iniciativa seria prematura e arriscada. "Aqui não se pode falar nas Forças Armadas só como um estamento técnico-profissional. O futuro dirá se superamos o quadro de intervenções militares", afirma.
Para o diretor do Núcleo de Estudos Estratégicos da Unicamp, coronel Geraldo Cavagnari, "a necessidade de se subordinar de vez as Forças Armadas aos civis" justifica a criação do ministério, ocupado por um civil.
O vice-almirante Armando Vidigal, ex-comandante da Escola de Guerra Naval, defende um Ministério da Defesa com poucos funcionários, comandado por um civil e assessorado por um Emfa (Estado Maior das Forças Armadas).
Para o brigadeiro Ivan Frota, o Ministério da Defesa enfraqueceria as Forças Armadas. "Com quatro ministérios, as Forças Armadas já estão desconsideradas pelo governo. Imagine com um só", afirma.
(Rui Nogueira, Augusto Gazir e Aziz Filho)

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